Nawaz Sharif, o político paquistanês que deve ser o próximo primeiro-ministro do país, disse nesta segunda-feira que Islamabad tem “boas relações” com os Estados Unidos, mas afirmou que a campanha de ataques com aviões teleguiados norte-americanos à região tribal do país é um desafio à soberania nacional.

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Sharif falou com os jornalistas nesta segunda-feira na propriedade de sua família, nas proximidades da cidade de Lahore, dois dias depois de seu partido, a Liga Muçulmana do Paquistão ter vencido as eleições nacionais.

As declarações foram as primeiras a respeito de como ele vai abordar as relações com os Estados Unidos, um aliado estratégico com o qual o Paquistão tem estado em desacordo.

Parte da retórica usada durante sua campanha dava a entender que ele poderia ter um relacionamento mais conflituoso com Washington do que o atual governo. Sharif também falou sobre sua oposição aos ataques com aeronaves teleguiadas, que são bastante impopulares no país.

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Analistas advertem que, embora esse tipo de afirmação atraia eleitores, já que o sentimento antiamericano é alto no país, Sharif deve adotar uma abordagem mais flexível em relação aos Estados Unidos quando assumir o cargo.

“Eu acho que temos boas relações com os Estados Unidos da América. Certamente temos de ouvir um ao outro”, disse ele. “Se há preocupações de um lado, acho que devemos tratar dessas preocupações.”

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A campanha de ataques com aviões não tripulados da CIA contra a Al-Qaeda e outros grupos militantes nas regiões tribais do país é extremamente controversa nos Paquistão, já que segundo testemunhas matam civis inocentes – acusação negada por Washington – e viola a soberania do país.

“Os aviões teleguiados são um desafio à nossa soberania. Claro que encaramos a questão com seriedade. Eu acho que é uma questão muito séria e nossa preocupação deve ser devidamente compreendida”, disse Sharif.

Sharif, de 63 anos, já ocupou o cargo de primeiro-ministro duas vezes. Na última, em 1999, ele foi derrubado por um golpe realizado pelo chefe do Exército e enviado para o exílio na Arábia Saudita, onde passou anos até retornar em 2007. As informações são da Associated Press.