Enquanto manifestações voltam a ganhar força nas ruas de cidades do Egito neste sábado, vários líderes árabes e muçulmanos concedem apoio à população do país africano. O líder da poderosa Irmandade Muçulmana, Hammam Saeed, que faz oposição ao governo da Jordânia, alertou hoje que os protestos vão se espalhar pelo Oriente Médio e pelo mundo árabe e destituirão seus “líderes tiranos aliados dos Estados Unidos”.

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Saeed disse que os árabes estão cada vez mais insatisfeitos com a dominação norte-americana sobre seu petróleo, com a ocupação militar do Iraque e do Afeganistão, além do suporte norte-americano aos regimes totalitários da região.

O líder muçulmano discursou hoje junto a cem opositores em frente à embaixada do Egito na capital jordaniana, Amã. Ele pediu a renúncia do presidente Hosni Mubarak. Saeed, contudo, não mencionou diretamente o rei Abdullah II, um aliado importante dos EUA no Oriente Médio e que nos últimos dias prometeu reformas, numa aparente tentativa de conter protestos dentro de casa. Como outros países vizinhos, a Jordânia enfrenta problemas econômicos e restringe a liberdade política.

No Iêmen, uma manifestação contra o governo local e de apoio à população do Egito acabou se transformando num protesto violento ao confrontar forças da polícia na capital, San’a.

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Pelo menos nove manifestantes foram atacados pelos policiais, quando estes tentavam bloquear uma centena de pessoas que marchavam para a embaixada do Egito. Não há informação sobre o estado dos feridos. Testemunhas disseram que o ativista pelos direitos humanos Abdul Hadi al-Azazi foi preso.

No país, manifestações de repúdio ao presidente Ali Abdullah Saleh se tornaram comuns. “Não vamos parar de protestar, mesmo se atacados ou feridos. Exigimos a renúncia do presidente Saleh, ou seu destino será o mesmo do presidente da Tunísia e, futuramente, o mesmo de Mubarak”, afirmou Salah Mohammed Al-Maktari, um dos manifestantes. Entre eles havia jornalistas, membros do parlamento e ativistas políticos.

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Na Arábia Saudita, o rei Abdullah bin Abdulaziz al-Saud criticou os manifestantes egípcios e apoiou o presidente Mubarak. Por meio de comunicado divulgado pela agência de notícias estatal, Abdullah disse que a população do país vizinho está sendo insuflada por “infiltrados que em nome da liberdade de expressão querem desestabilizar a segurança do país.”

Já no Irã autoridades continuaram a manifestar apoio à população do Egito. O governo xiita iraniano tem um longo histórico de conflitos com seus vizinhos árabes, em particular com o presidente Mubarak. Um porta-voz do Ministério do Exterior disse neste sábado que Teerã espera que o governo do Egito “responda às justas exigências dos manifestantes e se abstenha de exercer a violência”.

Em Israel, que tem no Egito o seu aliado mais importante no mundo árabe, a ordem é não falar sobre o assunto. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, ordenou que os porta-vozes do governo se silenciem. Autoridades que conversaram com agências internacionais na condição de anonimato se disseram preocupadas com a possibilidade de a tensão na região ameaçar os laços com o Egito e se espalhar para a Autoridade Palestina.

O conflito no Egito domina a mídia israelense. Redes de televisão divulgam informações de hora em hora e a Rádio Israel faz uma cobertura intensa dos acontecimentos sob a chamada “Fogo no Nilo”. No jornal Haaretz, o colunista Aluf Benn especulou que o poder em queda do presidente Mubarak deixa Israel com poucos amigos no Oriente Médio. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.