Há seis meses no poder, a coalizão que governa a Grã-Bretanha está enfrentando seu primeiro teste de sustentabilidade. Os protestos realizados por entre 20 mil e 50 mil estudantes na sede do Partido Conservador, em Londres, na quarta-feira, constrangeram deputados liberais-democratas, que se mostraram ontem dispostos a votar contra a reforma da política de bem-estar social defendida pela maioria conservadora no Parlamento.
Segundo analistas políticos, o impasse é a primeira fissura entre o primeiro-ministro, David Cameron, e seu adjunto, Nick Clegg. As dúvidas sobre a estabilidade da coalizão entre conservadores e liberais cresceram após o ataque dos estudantes à Millbank Tower, a sede do Partido Conservador. No maior protesto de rua em 20 anos na Grã-Bretanha, os universitários mostravam-se insatisfeitos com o projeto que retira os subsídios públicos ao ensino superior, medida que, na prática, quase triplicaria o custo do ano de estudo, de 3.200 libras para 9.000 libras – cerca de R$ 25.000.
Segundo o jornal The Independent, os protestos marcaram “o fim da era de consenso para o governo de coalizão”. Em reportagem, o diário ouviu de líderes políticos liberais-democratas que a insatisfação no interior do partido é crescente com as medidas de austeridade anunciadas pelo secretário do Tesouro, George Osborne.
Entre elas está o projeto que suspende por três meses o seguro-desemprego de trabalhadores que recusarem uma oferta de emprego – e por três anos os que não aceitarem três propostas. “Definitivamente, as fissuras estão aparecendo”, afirmou um ministro ao Independent. “Nós estamos começando a compreender que a lua de mel acabou, não concordamos em tudo e nunca concordaremos.”