O movimento pela renúncia do presidente egípcio Hosni Mubarak incorporou novos métodos e se expandiu para novas áreas ontem, com a deflagração de greves, o cerco ao Parlamento e confrontos entre manifestantes e a polícia em áreas remotas do sul e norte do país, onde ainda não tinham ocorrido incidentes. A ampliação dos protestos, cujo epicentro continua sendo a Praça Tahrir, no Cairo, coincide com a ameaça de recrudescimento do regime.
Milhares de manifestantes se reuniram ontem na frente do Parlamento, no centro da cidade, exigindo a sua dissolução, assim como a saída de Mubarak. Pela primeira vez desde que as manifestações começaram, no dia 25, os oposicionistas convocaram greves. Houve paralisações ontem dos funcionários da companhia estatal de energia elétrica e dos museus. As principais queixas são salários baixos e corrupção.
No Oásis de Kharga, na Província de Novo Vale, 500 quilômetros ao sul do Cairo, duas pessoas foram mortas e várias ficaram feridas num confronto entre 3 mil manifestantes e a polícia. Cerca de 8 mil pessoas, a maioria pequenos agricultores, e também funcionários públicos, bloquearam a principal estrada entre a Província de Assiut, também no sul, e o Cairo, erguendo barricadas com palmeiras em chamas. Os manifestantes apedrejaram a van do governador da província, Nabil el-Ezaby, que tentou conversar com eles. O motivo da manifestação foi a escassez de pão. Já em Porto Said, no Canal de Suez, no norte do país, 300 manifestantes atearam fogo ao palácio do governo para protestar contra a falta de moradia.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, declarou que o Cairo “ainda não deu os passos necessários, que o povo do Egito precisa ver”. “É por isso que cada vez mais pessoas saem para registrar suas queixas.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.