Os ataques perpetrados contra embaixadas dos Estados Unidos em países mulçumanos se estenderam a diversas nações, nesta quinta-feira, com o ataque contra a sede diplomática americana no Iêmen e os constantes protestos no Egito por conta do vídeo sobre Maomé que é considerado blasfemo.
Os protestos já deixaram um morto e mais de 200 feridos. Os fatos mais graves ocorreram em Sana, onde os manifestantes conseguiram entrar no complexo da embaixada, queimando vários veículos usados por diplomatas.
Os manifestantes apenas chegaram ao pátio da embaixada, não conseguiram entrar em nenhum dos prédios do complexo, onde fica a residência do embaixador.
Após soldados da embaixada fazerem vários tiros para o alto e com a atuação das Forças Anti-distúrbios do Iêmen, os manifestantes foram expulsos do local, mas permaneceram na área.
Durante os confrontos, ao menos uma pessoa morreu e 20 ficaram feridas, segundo fontes médicas relataram à Agência Efe, destacando que as vítimas apresentavam ferimentos de balas.
O presidente iemenita, Abdo Rabbo Mansour Hadi, não demorou em condenar o ataque e rejeitou os planos dos que querem prejudicar os laços de seu país com os EUA.
Enquanto isso, no Cairo, mais de 200 pessoas ficaram feridas em choques entre manifestantes e policiais nas proximidades da embaixada americana.
Centenas de jovens que se reuniram na Praça Simón Bolivar lançaram pedras e coquetéis molotov contra as Forças Antidistúrbios do Egito, enquanto dezenas de agentes respondiam com bombas de gás lacrimogêneo para impedir o avanço à embaixada, a 300 metros do local.
Um dos manifestantes, Islã Salah, de 21 anos, disse à Efe que protestava contra “o filme que insulta o profeta Maomé” e para pedir a expulsão da embaixadora americana e o fechamento da sede diplomática.
Outro jovem que participava dos choques, Said al Maragui, apontou que manifestava há 3 dias para defender sua religião.
“No protesto não há só salafistas (muçulmanos ultraconservadores), mas todo tipo de muçulmanos”, contou Al Maragui, que se protegia do gás lacrimogêneo com uma máscara.
Há dois dias, milhares de pessoas, em sua maioria islamitas, se concentram na frente da embaixada em protesto por conta do vídeo, e alguns jovens chegaram a escalar o muro do complexo e retirar a bandeira americana.
Após os atos, um acampamento foi mantido próximo à embaixada, que na madrugada desta quinta-feira foi esvaziada.
Em discurso gravado em Bruxelas e transmitido pela televisão estatal, o presidente egípcio, o islamita Mohammed Mursi, que visita a Bélgica hoje, rejeitou “qualquer agressão” contra o profeta e o ataque armado de terça-feira contra o consulado dos EUA em Benghazi (Líbia), que resultou na morte do embaixador J. Christopher Stevens e de outros três funcionários.
O Egito e o Iêmen não são os únicos países muçulmanos onde foram registrados protestos por conta do vídeo, supostamente produzido nos EUA e cuja autoria ainda não está esclarecida. Também houve manifestações no Iraque, Sudão, Tunísia e Irã, entre outros.
As reações de condenação tanto ao vídeo como aos ataques contra as legações diplomáticas americanas se sucederam na região.
A mais contundente foi a do secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi, que pediu que Washington adote “uma posição firme contra os responsáveis pela produção do vídeo que ofende o profeta do islã”.
Em comunicado, Arabi destacou que “ações como essa suscitam a discórdia, ofendem religiões e instigam o conflito entre culturas e civilizações”.
Várias manifestações foram convocadas para amanhã na região. No Egito, a Irmandade Mulçumana e os grupos radicais como Gamma al Islamiya organizaram várias concentrações para demonstrar o repúdio ao vídeo.
No Iêmen, os “hutíes”, xiitas separatistas, convocaram uma passeata da Praça de Al Taguir até a embaixada americana.