Pelo menos cinco manifestantes morreram e 100 ficaram feridos durante confronto com a polícia do Egito na cidade de Kharga, na região do Novo Vale, 400 km ao sul do Cairo. Em reação à violência policial, os manifestantes atearam fogo a sete prédios públicos, entre eles duas delegacias de polícia, um quartel, um tribunal e a sede local do Partido Nacional Democrático, do presidente Hosni Mubarak.
No Cairo, dezenas de milhares de manifestantes continuavam concentrados na praça Tahrir (“praça da libertação”), exigindo a renúncia imediata de Mubarak. Milhares de funcionários públicos entraram em greve em todo o Egito e os sindicatos de trabalhadores na indústria também paralisaram as atividades.
Uma multidão de manifestantes cercou a sede do Parlamento egípcio, bloqueando o acesso ao prédio. Em Port Said, na embocadura do Canal de Suez, moradores de uma favela atearam fogo à Prefeitura. Em Assiut, no Sul do país, manifestantes bloquearam uma ferrovia e uma rodovia que ligam o Norte ao Sul do Egito.
O ministro das Relações Exteriores do Egito, Ahmed Abul Gheit, disse que o Exército será “forçado” a intervir se os protestos pela renúncia de Mubarak levarem o país ao caos. Ontem à noite, o primeiro-ministro Omar Suleiman havia falado no risco de um “golpe” e dado a entender que o Egito não está preparado para a democracia.
O serviço egípcio de imigração, por sua vez, impediu a entrada de 12 palestinos no país e instruiu as companhias aéreas a não embarcarem palestinos em voos para o Egito. O Ministério das Relações Exteriores também está bloqueando uma visita oficial ao país da comissária de Relações Exteriores da União Europeia, Catherine Ashton, que está visitando a Tunísia – onde um levante popular derrubou recentemente o governo do presidente Zine El Abidine Ben Ali.
A Irmandade Muçulmana, principal organização de oposição ao regime de Mubarak, disse que “não busca o poder”, segundo um de seus dirigentes, Mohammed Mursi. “Não vamos apresentar candidato à presidência”, acrescentou, numa aparente tentativa de aplacar temores dos EUA e de Israel, os principais aliados do regime de Mubarak. As informações são da Dow Jones.