Projeto estuda a onça-parda no Paraná

A onça-parda, que tem como nome científico Puma concolor, é um dos símbolos da fauna presente no Parque Nacional do Iguaçu, localizado na cidade de Foz do Iguaçu, na região oeste do Estado. Entretanto, sua população e seu modo de vida dentro do parque ainda são pouco conhecidos pelos biólogos e pesquisadores.

Com o intuito de mudar esta realidade, a organização não-governamental Reserva Brasil – em parceria com a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza – está iniciando um projeto de conservação do animal dentro da área, estudando sua resposta às atividades humanas desenvolvidas no local.

?A conservação da onça-parda está muito ligada à exploração dos recursos naturais do parque. Por isso, nosso trabalho também conta com o apoio do Batalhão de Polícia Ambiental (Força Verde), que estará procurando indícios de atividade de caça?, comenta a bióloga e pesquisadora da Reserva Brasil, Anne-Sophie Bertrand, que é francesa e está há dois anos no Brasil. ?Até o final deste ano, queremos conhecer a abundância do animal dentro do parque e obter diversas informações sobre seu modo de vida.?

Segundo Anne-Sophie, a onça-parda se adapta bem à pressão humana. Na área do Parque Nacional do Iguaçu, existem diversos relatos sobre onças-pardas que atacaram rebanhos de propriedades vizinhas. Além disso, no ano passado, um macho de 43 quilos foi capturado, em início de outubro, matando ovelhas em uma fazenda da região e dois animais, um macho idoso e uma fêmea jovem, foram observados se sobrepondo em um trecho de nove quilômetros de trilha dentro do parque (que tem cerca de 185 mil hectares de extensão). A observação foi feita através da instalação de câmeras pela bióloga.

Com base nos dados, a pesquisadora acredita que a população de Puma concolor seja viável na região do parque, embora isso só vá se confirmar após a realização de um maior número de trabalhos de campo. A principal ameaça à onça-parda na região é a caça ilegal realizada pelo homem. Ao contrário da onça-pintada (Panthera onca), que é muito perseguida em função da beleza de sua pele, a parda não é caçada. Entretanto, animais que lhe servem de alimento, como por exemplo o veado, o são, fazendo com que lhe haja escassez de comida.

?Uma das coisas que vamos investigar é se as onças-pardas estão atacando rebanhos de propriedades próximas ao Parque Nacional porque existem em grande quantidade dentro do local ou porque estão enfrentando escassez de alimento. Além disso, vamos realizar trabalhos na área educacional com o objetivo de conscientizar turistas e a população local sobre a importância da conservação do animal?, explica.

A onça-parda é o segundo maior felídeo neotropical, sendo menor apenas que a onça-pintada. O animal é considerado um grande saltador, podendo, horizontalmente, atingir de doze a quatorze metros. No Brasil, ela é caracterizada por uma pelagem cor de areia e por poder pesar até 75 quilos (no caso de um macho adulto).

ONG realiza estudo com outros animais

A ONG Reserva Brasil é uma associação civil do terceiro setor, de caráter socioambiental, conservacionista, filantrópico, assistencial e educacional, que não possui fins lucrativos, vínculos políticos, partidários e religiosos. Foi criada há cerca de sete anos, por um grupo de estudantes da Faculdade de Ciências Biológicas do Centro de Ciências Médicas e Biológicas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), campus Sorocaba.

A entidades desenvolve uma série de pesquisas socioambientais e conservacionistas da fauna, da flora, das populações tradicionais e das áreas naturais do Brasil, com a finalidade de minimizar os impactos das pessoas sobre o meio ambiente. A missão da organização é ?integrar a produção e o desenvolvimento socieconômico à conservação dos recursos naturais?.

Além do trabalho com as onças-pardas, a Reserva Brasil desenvolve atividades de conservação da onça-pintada (Panthera onca) no sul do Parque Nacional de Juruena, em Mato Grosso; de monitoramento de fauna em regiões de Mata Atlântica; de pesquisa sobre a ecologia alimentar de felinos da Serra da Mantiqueira; de estudo sobre o comportamento do gato-maracajá na região oeste do Paraná; entre outras.

Também desenvolve trabalhos de educação ambiental. Nesta área, mantém os projetos S.O.S Ambiental e Animais do Medo. O primeiro promove palestras voluntárias em instituições do Estado de São Paulo. Já o segundo visa esclarecer dúvidas a respeito dos principais animais que transmitem medo aos seres humanos. (CV)

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