Entre 70% e 80% dos homens que viajam dos Estados Unidos para a Ásia, Europa ocidental, Japão e Austrália o fazem visando o entretenimento sexual, segundo estudo do Ministério italiano das Políticas Sociais que avalia a aplicação da lei de 1998, contra “a exploração da prostituição, da pornografia e do turismo sexual infantil”, e novas formas para reduzir a escravidão. O documento, entregue ao Parlamento, frisa que quase 20% das viagens turísticas dos italianos têm por objetivo o sexo. As metas preferidas são praias cubanas de Varadero e Havana, as da República Dominicana (Boca Chica) e do Brasil (Recife e Fortaleza). Os turistas sexuais italianos também vão ao Camboja, Quênia, Filipinas e Sri Lanka.
O perfil do prosti-turista italiano, que prefere fazer sexo com menores, é um homem de meia-idade, casado, com filhos, boa posição social e instrução média superior, ou um jovem entre 25 e 30 anos com desejos de se divertir.
A lei de 1998 permite que os tribunais italianos interfiram no exterior em crimes deste tipo. Com base nessa norma, em janeiro um italiano foi condenado a 12 anos de prisão por manter relações sexuais com crianças no exterior, na primeira condenação desse tipo emitida na Itália.
“A prostituição vinculada ao turismo é um fenômeno internacional. Este mercado supera os US$ 5 bilhões anuais e envolve um número crescente de crianças, quase um milhão só na Ásia. Os clientes somam 12 milhões em todo o mundo, entre habituais e ocasionais”, revela o estudo. “Trata-se de uma espécie de indústria multinacional do sexo”.
Segundo a Organização Mundial do Turismo, anualmente se realizam mais de 600 milhões de viagens turísticas: 20% dos viajantes reconhecem que procuram sexo nas viagens e 3% destes preferem relações sexuais com meninos ou meninas. A indústria sexual começou na Tailândia e se expandiu para países da Ásia, América Latina, África e Europa central e oriental.
O documento acusa a cumplicidade de governos que usam o turismo sexual como instrumento para aumentar divisas e reduzir o déficit; a corrupção da burocracia, das autoridades judiciais e das forças policiais dos países visitados; a presença do crime organizado e a convicção equivocada de que fazer sexo com crianças evita o risco de contrair Aids. O informe recomenda medidas para conter o turismo sexual, como frisar que crimes de abuso sexual infantil punem-se com penas de detenção.