Representantes de mais de 150 países fracassaram em conseguir avanços significativos em torno de temas centrais divergentes sobre questões climáticas na rodada de negociações realizada na cidade de Tianjin, a 120 quilômetros de Pequim (China), mas afirmaram, neste sábado, que conseguiram avançar na criação de um fundo para ajudar países em desenvolvimento em seus esforços para combater o aquecimento global.

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“Nós fizemos alguns progressos modestos, mas, infelizmente, foram um tanto limitados”, disse o representante dos EUA, Jonathan Pershing, ao final dos seis dias de negociação. “Enquanto nós conseguimos evoluir em relação a temas financeiros, compartilhamento de tecnologias, mitigação de impacto e florestas, nós não conseguimos um desdobramento equilibrado ainda”, afirmou Pershing, acrescentando que o quadro exacerba as preocupações sobre a retomada das negociações no próximo mês.

Os representantes reunidos em Tianjin estavam esperançosos de que conseguiram avançar em torno de esboços de acordos para que pudessem ser assinados na Conferência do Clima da ONU (COP-16) marcada para começar em 29 de novembro em Cancún, no México. Mas poucos estavam otimistas em relação ao fim de impasses sobre questões climáticas mais divergentes.

A 15ª Conferência da Mudança do Clima da ONU (COP-15), realizada em dezembro de 2009, em Copenhague terminou com recriminações azedas entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento e em um acordo, sem cumprimento obrigatório, que previa metas para os países reduzirem suas emissões de gases. O objetivo do encontro era fechar um acordo para suceder o Protocolo de Kyoto, que foi assinado em 1997 e regula as emissões de gases do efeito estufa para 37 países industrializados, e cuja primeira parte expira em 2012.

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Pershing afirmou que estava decepcionado sobre a resistência da China e de outros países em torno de um ponto importante: permitir o monitoramento e verificação de seus esforço para conter a emissão de gases que estariam ampliando o aquecimento global.

O negociador da China, Su Wei, reiterou, neste sábado, a posição de Pequim de que algumas nações desenvolvidas estavam tentando reescrever o Protocolo de Kyoto e evitar suas obrigações de redução emissões, o que está criando obstáculos para o progresso das negociações. “Foi um retrocesso em relação ao encontro anterior. Todos os movimentos para derrotar o Protocolo de Kyoto deveriam ser denunciados”, disse. “O meu conselho para outros países é o seguinte: façam a sua própria tarefa antes de criticarem outros. Se não estão fazendo nada, não é justo criticarem o trabalho dos outros.” Entre outras reclamações, a China tem constantemente criticado os EUA por não conseguirem implementar medidas para limitar suas próprias emissões.

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Grupos de ambientalistas revelaram divergências em suas avaliações sobre as negociações desta semana, com vários criticando abertamente a petulância e a intransigência que caracterizaram as negociações. “Em alguns momentos, era como se estivéssemos vendo crianças em um jardim de infância”, disse o diretor internacional de políticas para clima do Greenpeace, Wendel Trio. No entanto, outros representantes se revelaram menos pessimistas, argumentando que o trabalho detalhista de reunir propostas para Cancún evoluiu. “Nós ouvimos diversas divisões e argumentos, mas muito disso foi apenas performance e parte das negociações. Por trás das cenas, eles se reuniram para trabalhar nesta semana”, disse Julie-Ann Richards, da Climate Action Network.