Produtores rurais e bispos paraguaios criticam Lugo

Os produtores de soja do Paraguai disseram nesta segunda-feira (3), em comunicado, que ao invés do clima de paz que o atual presidente Fernando Lugo prometeu durante a campanha eleitoral, “o que vemos é que grupos violentos foram organizados e eles pregam a luta de classes e o ódio ao estrangeiro”, afirmaram, em alusão aos camponeses sem-terra radicais que hostilizam os colonos brasileiros. Já os bispos católicos, reunidos na Conferência Episcopal do Paraguai, criticaram a permanente viagem ao exterior do mandatário, que atualmente visita os Estados Unidos, México e El Salvador.

Os lavradores de soja, reunidos na União de Grêmios da Produção, criticaram os sem-terra dos departamentos (Estados) mais conflituosos, como San Pedro e Concepción, a 340 e a 500 quilômetros ao norte de Assunção, de usarem “a violência como método para solucionar problemas, o que gerou na população rural um sentimento de angústia e medo generalizados”. “Manifestamos nossa decisão inquebrantável de seguir impulsionando uma economia social de mercado, que nos permitiu nos projetarmos como exportadores de bens e serviços para um mundo cada vez mais competitivo”, disse o documento.

Grupos regionais de esquerda, integrantes da coalizão Mesa Coordenadora de Organizações Camponesas (MCNOC, na sigla em espanhol) reivindicam a invasão ilegal de extensas lavouras de soja, propriedades dos colonos brasileiros em sua maioria, como o sistema mais rápido de “expulsar do Paraguai os estrangeiros”, segundo declarações de Antonio Cabrera, líder da Organização Luta pela Terra (OLT).

O ministro do Interior, Rafael Filizzola, confirmou que na quarta-feira ocorrerá uma manifestação de 10 mil sem-terra em Assunção e em outras cidades, pedindo a expulsão dos estrangeiros que cultivam a soja e proibindo o uso de defensivos agrícolas.

Os bispos Zacarias Ortiz de Concepción e Claudio Gimenez de la Cordillera, de departamentos dedicados à agropecuária, coincidiram nas críticas a Lugo, porque “no momento em que a crise camponesa está mais grave, ele viaja ao exterior”. Giménez adiantou que “quando o presidente voltar da sua excursão, pediremos a ele explicações sobre porque abandonou suas funções quando o país mais precisava dele”. Lugo, de 57 anos, foi dispensado dos compromissos clericais em 30 de julho passado pelo papa Bento XVI.

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