O procurador-geral do Egito, apontado pelo presidente Mohamed Mursi, renunciou ao cargo menos de um mês após tê-lo assumido. A decisão foi comemorada pela oposição no país.
A nomeação de Talaat Ibrahim havia sido criticada por juízes do país como um cerceamento da independência do Poder Judiciário. Ele havia assumido em 22 de novembro, mesmo dia em que Mursi promulgou decretos que lhe conferia poderes adicionais -entre os quais, ter suas decisões imunes à contestação na Justiça, por aplicação retroativa desde o início de seu mandato.
Tais decretos deflagraram uma série de protestos quase diários nas ruas das principais cidades do país. Eles foram finalmente revogados, mas Ibrahim permaneceu no cargo.
O antecessor de Ibrahim, Abdel Maguid Mahmoud, exerceu a função durante muitos anos sob o regime do ditador Hosni Mubarak. Mursi já havia tentado sacá-lo do cargo em outubro, na tentativa de acalmar opositores que criticavam o número de altos funcionários do regime de Mubarak absolvidos em julgamentos. A decisão, porém, causou a ira dos magistrados.
Talaat Ibrahim assinala em sua carta de demissão, publicada pela agência oficial Mena, que “voltará a seu trabalho na Justiça”.
Juízes e governo têm se enfrentado desde a marcação do referendo popular para aprovar o novo texto da Constituição. O boicote da principal associação dos magistrados à supervisão do pleito -necessária, segundo a lei egípcia, para que ele seja considerado válido- motivou sua divisão em dois dias. Por falta de observadores, cerca de metade dos eleitores votaram no último dia 15, e o restante o fará dia 22.