Cerca de 20 prisioneiros e ex-detentos de Guantánamo afirmaram ter recebido injeções de substâncias desconhecidas durante o período em que ficaram encarcerados na base militar norte-americana em Cuba, alegando que as substâncias eram drogas aplicadas em seu organismo, com o intuito de induzi-los a cooperar nos interrogatórios.
O Pentágono e a CIA, as instituições responsáveis por deter suspeitos de terrorismo, negaram que essas declarações sejam verdadeiras.
O jornal Washington Post citou, no entanto, entrevistou um ex-prisioneiro de Guantánamo, o saudita de nome Adel al-Nusairi (que hoje vive em liberdade na Arábia Saudita), que revelou ter recebido injeções de substâncias que o induziam a dormir e a colaborar nas sessões de interrogatório, em 2002. Nusairi afirmou que até confessou fazer parte da Al Qaeda para evitar as injeções.
O Departamento da Defesa dos Estados Unidos e a CIA, que dirigem o interrogatórios, alegam que as declarações dos prisioneiros são invenções ou descrições legais de injeções aplicadas para fins médicos, e não coercivos.
"A nossa linha sempre foi a de tratar os prisioneiros de modo humano", disse o porta-voz do Pentágono, o comandante da Marinha J.D. Gordon.
"O uso de remédios para manipular os detentos nunca foi uma técnica de interrogatório aprovada pelo Departamento da Defesa", acrescentou.
Ainda de acordo com o jornal, essas denúncias ressurgiram devido à publicação de um relatório do Departamento de Justiça, que condena explicitamente o uso de drogas "que alteram a mente" em prisioneiros.