O secretário-executivo da Organização das Nações Unidas (ONU) para Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, afirmou hoje que renunciará ao posto, após quatro anos à frente da pasta. Durante esse período, governos lutaram sem sucesso para obter um novo acordo para controlar o aquecimento global.
A saída da principal autoridade das Nações Unidas para a mudança climática deve valer a partir de 1º de julho. Cinco meses depois, haverá uma reunião na Cidade do México, onde 193 nações tentarão outra vez chegar a um acordo para controlar a emissão de gases causadores do efeito estufa. De Boer disse, falando de Bonn, na Alemanha, que deixará o cargo agora para que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, possa encontrar um sucessor antes da conferência no México.
De Boer foi muitas vezes elogiado por chamar a atenção para as questões climáticas por meio de suas declarações à imprensa e do lobby com líderes mundiais. Suas constantes viagens e uma diplomacia frenética, porém, não conseguiram superar o clima de desconfiança entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, impedindo um acordo final na cúpula de Copenhague, em dezembro.
O secretário-executivo disse acreditar que as conversas “estão no caminho certo”, ainda que haja incerteza sobre se é possível finalizar um acordo na próxima conferência de alto nível, em novembro. Na opinião dele, o acordo parcial de Copenhague, fechado também pelo presidente dos EUA, Barack Obama, foi “muito significativo”. O funcionário da ONU lembrou, porém, que houve frustração pelo fato de esse pacto não ter sido formalmente adotado pelos países.
De Boer disse que os envolvidos estavam “a uma polegada de um acordo formal”, mas ele “não ocorreu”. “Portanto, isso foi uma pena”, reconheceu. Segundo ele, porém, a decisão de deixar o cargo não tem relação com o fracasso em Copenhague. De Boer disse que trabalhará agora como consultor para o clima e temas de sustentabilidade na KPMG, uma companhia global de auditoria, além de envolver-se academicamente com várias universidades.