Os principais jornais da Europa trazem no alto de suas páginas na internet e os canais de televisão repetem ao longo da programação esta manhã notícias sobre o bombardeio feito pelos Estados Unidos contra uma base aérea na Síria, na noite desta quinta-feira. A ação é uma resposta ao ataque químico que matou cerca de 70 pessoas no começo da semana e que criou grande comoção por causa do elevado número de crianças entre as vítimas fatais.
Este foi o primeiro movimento bélico da era Donald Trump e é considerada também a primeira ação militar contra o regime do presidente sírio Bashar al-Assad. A empreitada norte-americana ocorreu no início da noite nos Estados Unidos, quando começava a madrugada em muitos países europeus. Mesmo assim, a maior parte dos jornais da região conseguiu atualizar informações antes do fechamento.
O jornal britânico The Guardian traz que o Kremlin considerou a atuação como um “golpe significativo” para as relações dos Estados Unidos com a Rússia. Também no Reino Unido, o econômico Financial Times comentou que a declaração de Trump explicando a autorização da ação militar ocorreu num resort na Flórida, onde ele se encontra pela primeira vez com o presidente da China, Xi Jinping. Para Trump, a Síria foi a causadora de “um horrível ataque com armas químicas, que matou civis inocentes”.
Na França, o Le Monde destacou que a Rússia considerou a empreitada norte-americana uma “agressão” contra um “Estado soberano” e relata que as reações internacionais se seguem umas às outras, entre “apoio total” de aliados dos EUA e condenação de seus oponentes. A manchete do também francês Le Figaro diz que o “Drama Sírio traz tensão à relação Trump-Putin” e que Moscou solicitou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para tratar do tema.
Em plena campanha para a eleição presidencial no país, com o primeiro turno previsto para o próximo dia 23, a Frente Nacional se disse “desapontada” com Trump, conforme os dois jornais principais da França. O partido é o da candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, que é dada como certa para concorrer ao segundo turno das eleições, marcado para 7 de maio.
A ação coordenada pelos Estados Unidos foi apontada pelo jornal espanhol El País como uma “mudança radical” na política de Washington sobre a Síria e abre um possível conflito direto com Moscou, o principal defensor do regime. O periódico enfatiza que a atuação militar também envia um recado ao Irã e à Coreia do Norte: os Estados Unidos, com Trump na liderança, estão prontos para disparar “contra aqueles que cruzam suas linhas vermelhas”.
Na televisão estatal britânica BBC, as imagens do presidente norte-americano não saem da tela, com atualizações e repercussões sobre o assunto. O canal informa que o governo sírio considerou o ataque uma “agressão flagrante” ao país. À Sky News, o secretário de defesa do reino Unido, Michael Fallon, disse esta manhã que é preciso fazer um grande mudança na Síria, da qual “Assad não terá nenhum papel”. O canal Euronews intercala imagens fortes de vítimas sendo resgatadas e recebendo atendimento por causa do ataque no começo da semana com o pronunciamento de Trump após a ação militar promovida de quinta para sexta-feira. (Célia Froufe, correspondente – celia.froufe@estadao.com)