A primeira-ministra da Austrália, Julia Gillard, nomeou Kevin Rudd, seu antecessor deposto por um golpe intrapartidário em junho, como seu novo ministro de Relações Exteriores, numa tentativa de reduzir as divisões internas remanescentes do golpe. O então ministro de Relações Exteriores, Stephen Smith, foi transferido para o Ministério da Defesa.
O anúncio ocorre quatro dias depois de o Partido Trabalhista, de Gillard, vencer as eleições presidenciais do país por margem estreita.
Gillard também indicou a ex-ministra de Mudanças Climáticas e da Água Penny Wong para o Ministério das Finanças, acabando com as especulações sobre a indicação de Lindsay Tanner, que comandou a pasta no governo de Rudd.
Simon Crean, ministro de Educação, Trabalho e Relações Trabalhistas, ganhou uma nova pasta que abrange a Austrália regional.
Gillard afirmou, em Melbourne, que o novo ministério conduzido por Crean tem por objetivo cumprir a promessa feita a membros independentes do parlamento, que exigiam um foco maior nas questões regionais e rurais do país.
Rudd, um ex-diplomata que fala mandarim, era muito cotado para a pasta de Relações Exteriores, apesar de alertas de analistas de que a escolha dele para a vaga poderia prejudicar os esforços de Gillard no cenário internacional. Existe o risco de Rudd ser visto como o líder da Austrália em terras estrangeiras, enquanto Gillard é deixada para lidar com a política nacional.
Líderes estrangeiros, entre eles o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama – com quem Rudd mantém uma firme amizade – foram surpreendidos pela sua expulsão repentina do cargo de primeiro-ministro da Austrália, na véspera de uma reunião do Grupo dos 20, em Toronto, no Canadá.
Ainda assim, avalia-se que Gillard teve pouca escolha sobre a decisão, visto que a nomeação de Rudd para o Ministério de Relações Exteriores poderá ser a única forma de garantir que ele continue leal ao seu governo, que possui maioria parlamentar estreita.
A primeira-ministra controla a Câmara Baixa do Parlamento por apenas um voto, graças ao apoio obtido de três parlamentares independentes e um do Partido Verde nas eleições ocorridas no dia 7 de setembro.
A vitória da primeira-ministra rompeu um impasse de 17 dias, após eleições inconclusivas realizadas no país no dia 21 de agosto.
Gillard tinha prometido a Rudd um alto posto em seu novo ministério e a pasta de Relações Exteriores foi a primeira escolha da primeira-ministra.
Em uma tentativa para manter a estabilidade de seu governo, Gillard deixou muitos cargos inalterados, incluindo o do vice-primeiro-ministro, Wayne Swan, na Secretaria do Tesouro.
As principais nomeações incluíram Bill Shorten para a função de assistente de Swan, Greg Combet, para o Ministério de Mudanças Climáticas, Craig Emerson, para o Ministério do Comércio, e Mark Arbib, membro mais influente do Partido Trabalhista, para Assuntos Indígenas. As informações são da Associated Press.