Desde que o palácio e a residência do presidente foram destruídos pelo terremoto do dia 12, assim como os prédios de todos os 17 ministérios, o Senado, a Câmara e a Corte Suprema de Justiça, o Haiti é governado das repartições da Direção de Polícia Judiciária e da sombra das mangueiras e palmeiras de seu pátio interno. São desses locais que o presidente René Préval despacha com seus ministros, recebe líderes estrangeiros e faz reuniões de coordenação com organizações humanitárias.
Nesses nove dias desde que seu país foi semidestruído pelo que os haitianos chamam de “a catástrofe”, o presidente ainda não saiu de Porto Príncipe. O governo haitiano não tem helicóptero e precisará de um emprestado da Organização das Nações Unidas (ONU), quando Préval decidir visitar as áreas mais inacessíveis, diz seu assessor de imprensa, Volcy Assad.
Préval chega com Elisabeth Debrosse, com quem se casou há dois meses, ao QG da Polícia Judiciária todos os dias às 8 horas. Lá, o casal almoça e passa o dia, saindo às 19 horas. Eles estão dormindo cada noite em uma casa de amigos. Os detalhes não são revelados por razões de segurança.
Em geral, quando recebe visitantes, como o senador norte-americano Jesse Jackson, que foi ontem perguntar como podia ajudar, Préval usa as salas internas do QG, composto por três casas. Mas às vezes se senta com seus ministros e auxiliares em torno de uma mesa retangular de plástico, à sombra de uma mangueira do pátio. Com réplicas do tremor ocorrendo todos os dias – o maior atingiu na quarta-feira 5,9 na escala Richter -, os haitianos se sentem muito mais seguros ao ar livre do que dentro de construções.
Além de Jackson, Préval recebeu no QG da polícia a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, seu marido, o ex-presidente Bill Clinton – que com o também ex-presidente George W. Bush faz campanha para angariar ajuda para o Haiti -, o presidente dominicano, Leonel Fernández, o vice boliviano, Álvaro García Linera, e o chanceler Celso Amorim. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá visitá-lo no mês que vem.