O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, recusou-se a se encontrar nesta terça-feira com o líder da oposição que foi a seu gabinete na expectativa de uma negociação, o que reduziu as esperanças de uma breve solução para a crise política que se transformou em violentos confrontos de rua entre manifestantes e policiais nas ruas da capital, Kiev.

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O impasse no país, que já dura dois meses, entrou numa nova fase depois de Yanukovych ter aprovado duras leis contra as manifestações na semana passada, numa tentativa de reprimir os protestos que pedem sua saída. As grandes manifestações em Kiev tiveram início depois que Yanukovych recusou um acordo com a União Europeia (UE) em favor do estreitamento das relações com a Rússia, que ofereceu um pacote de resgate de US$ 15 bilhões ao país.

Numa tentativa de aliviar a crise, o líder opositor Vitali Klitschko, campeão de boxe na categoria peso-pesado, foi até o gabinete de Yanukovych nesta terça-feira para uma conversa, mas foi recebido apenas pelos auxiliares do presidente. Esses assistentes são parte de um grupo de trabalho que recebeu ordens de Yanukovych para negociar com a oposição.

O gabinete de Yanukovych disse que o presidente estava numa reunião naquele momento, mas Klitschko ainda tinha esperança de que o líder o receberia mais tarde. “O centro da cidade de Kiev está queimando há dois dias”, disse o boxeador. “O presidente está sentado a dois quarteirões e não ouve isso.”

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Apesar da forte queda de neve e das temperaturas congelantes, vários milhares de manifestantes permanecem acampados no centro de Kiev, em frente a fileiras de policiais que estão atrás de escudos de metal. Carcaças queimadas de ônibus estão cobertas de gelo, o chão está cheio de pedras e a música “não vou desistir sem lutar” é ouvida no meio da multidão.

Os manifestantes conseguiram manter seu território durante a noite, embora a polícia tenha avançado e desmontado algumas barricadas. Houve confrontos nesta manhã, mas clérigos ortodoxos intervieram e pediram aos dois lados que se acalmassem.

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Cerca de 1.500 ativistas buscaram atendimento após os confrontos, segundo Oleh Musiy, que coordena o grupo de atendimento médico dos manifestantes.

O líder opositor Arseniy Yatsenyuk, que havia condenado os protestos violentos, disse que a situação mudou. “As pessoas têm o direito de mudar os protestos de pacíficos para não pacíficos por causa da surdez das autoridades e seu desprezo pelo povo”, disse ele nesta terça-feira.

Sua aliada, a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, que está presa, também chamou os ucranianos para as barricadas. “Não há outra forma de o povo lidar com a máfia. Esses que estão nas linhas de frente da Ucrânia são heróis!”, disse ela em comunicado.

Fonte: Associated Press.