A presidente sul-coreana Park Geun-hye ordenou que 10
de seus secretários seniores renunciem em meio a uma investigação de que ela teria deixado uma velha amiga, filha de um líder religioso, interferir em questões de estado importantes. O anúncio, feito pelo escritório de Park, ocorreu antes de esperados protestos antigovernamentais, planejados para este sábado em Seul e que deveriam reunir milhares de pessoas, tendo em vista o escândalo, que pode piorar a imagem da presidente antes das eleições do ano que vem.
Park vem enfrentando pedidos para reorganizar sua equipe depois que admitiu, na última terça-feira, que forneceu à amiga de longa data Choi Soon-sil rascunhos de seus discursos para edição. Seu pedido de desculpas na televisão provocou inúmeras críticas sobre sua má gestão da informação nacional e de seu estilo de liderança mão pesada que muitos veem como falta de transparência.
Há também especulações da imprensa de que Choi, que não possui qualquer emprego no governo, teria se intrometido nas decisões do governo e explorado seus laços com a presidente para se apropriar de fundos de organizações sem fins lucrativos.
Promotores aprofundaram neste sábado a investigação, fazendo buscas nas casas e escritórios de funcionários presidenciais suspeitos de interagir com Choi, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap. O escritório de Park negou que promotores tenham procurado a Casa Azul – gabinete presidencial e residência.
Os promotores haviam previamente convocados alguns dos principais interlocutores de Choi e invadiram suas casas e locais de trabalho e também os escritórios de duas fundações sem fins lucrativos supostamente controladas por Choi.
A saga, desencadeada por relatos da mídia, levou a aprovação de Park a níveis recordes de baixa. O Partido Justiça, de oposição, pediu que ela renunciasse. O Partido Minjoo, um partido de oposição que tem maior representatividade, absteve-se de pedir a renúncia, com medo de que isso pudesse afetar de forma negativa a eleição presidencial do próximo ano, mas declarou que a decisão de Park de mudar seu secretariado era muito pequena e tomada tardiamente e pediu mudanças mais fortes, incluindo o remanejamento de seu gabinete.
Entre os assessores de saída está Woo Byung-woo, secretário presidencial sênior para assuntos civis, e Ahn Jong-Beom, secretário sênior para a Coordenação política. Lee Won-jong, chefe de gabinete de Park, apresentou a sua demissão na quarta-feira. Woo tem sido responsabilizado por não ter impedido Choi de influenciar os assuntos do Estado e também tem sido envolvido em acusações separadas de corrupção em torno de sua
Família.
O escritório de Park informou que pretende anunciar uma nova linha de secretários seniores em breve.
Fonte: Associated Press