O presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, pediu a seu país que vote em paz e aceite os resultados da eleição presidencial de sábado. Analistas acreditam que será o pleito mais apertado na história do país mais rico e maior democracia da África.

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“Nenhuma ambição política pode justificar a violência ou o derramamento de sangue do nosso povo”, disse Jonathan nesta sexta-feira em declarações transmitidas pela televisão.

Em um país com histórico de golpes, derramamentos de sangue causados pela política, por questões étnicas, disputas de terras e, mais recentemente, um levante do grupo militante Boko Haram, a eleição é importante para que o país mais populoso da África consolide sua democracia.

“É saudável que eles abordem isso como um exercício dos direitos dos nigerianos de escolher seu governo, e não como uma guerra”, disse o enviado especial da secretaria-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para o oeste da África, Mohammed Ibn Chambas, em entrevista à Associated Press.

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Porém, Chidi Odinkalu, presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos, disse que as disputas no maior produtor africano de petróleo – onde clientelismo e corrupção são abundantes – geraram “a mais extraordinária forma de discurso de ódio, de injúrias incendiárias e de limpezas étnicas. Todo tipo de coisa que não se deve fazer”.

Sua organização, que depende de recursos do Estado mas é independente, relatou pelo menos 58 assassinatos até 13 de fevereiro, embora tenha havido muitos mais desde então, afirmou Odinkalu. Ele também reclamou que os políticos não tem feito nada para conter as tensões.

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O Exército nigeriano anunciou que destruiu a sede do “califado” do Boko Haram na cidade de Gwoza, norte do país, em confrontos nesta sexta-feira que deixaram vários extremistas mortos. Não é possível verificar a informação de forma independente. Críticos de Jonathan dizem que as recentes vitórias militares, após meses de perda de territórios para os extremistas islâmicos, são uma manobra para conquistar votos, acusação negada pela campanha presidencial.

“Faça paz e não a guerra” é uma campanha promovida há tempos pela Agência Nacional de Orientação, que trabalha com blogueiros e redes sociais, segundo o diretor-geral Mike Omeri. A ideia é “criar muito entusiasmo” e construir “uma comunidade de pessoas que serão direcionadas pela paixão pela paz”.

Mas algumas pessoas estão tão temerosas em relação à possibilidade de violência durante a eleição que estão saindo do país, indo para locais distantes como Estados Unidos e Canadá. Os voos estão lotados e muitos passageiros que esperavam um lugar para embarcar tiveram de voltar para casa.

O chefe do Exército, tenente-general Kenneth Minimah, disse que não vai tolerar qualquer distúrbio, advertindo que “quem quer que queira invocar ou provocar violência terá em troca a violência organizada” das forças de segurança.

Em seu discurso na televisão, o presidente lembrou os nigerianos que o mundo acompanha o pleito. Chambas, o enviado da ONU, disse que a eleição na Nigéria é especialmente importante num continente onde a contestação de resultados deixou a Costa do Marfim à beira de uma guerra civil e provocou centenas de mortes após as eleições de 2007 no Quênia.

O presidente Barack Obama enviou uma mensagem em vídeo nesta semana, dizendo “hoje, eu peço a todos os nigerianos, de todas as religiões, grupos étnicos e regiões, que se unam e mantenham a Nigéria unida”.

A paisagem política nigeriana se transformou quando os principais partidos de oposição formaram uma coalizão, dois anos atrás, e pela primeira vez se uniram em torno de um único candidato, o ex-ditador militar Muhammadu Buhari, que concorre à presidência pela quarta vez.

O partido de Jonathan tem governado desde 1999, quando se encerrou o período da ditadura, que durou décadas. Sua insistência em concorrer provocou muitas baixas na oposição. Segundo alguns políticos, a medida quebrou uma regra não escrita do partido segundo a qual deve haver uma alternância de poder entre o sul, majoritariamente cristão, onde nasceu Johathan, e o norte, de maioria é muçulmana e reduto de Buhari.

A perda da eleição de Buhari para Jonathan em 2011 resultou em distúrbios no norte do país que deixaram mais de 1.000 mortos, segundo a comissão de direitos humanos. Uma reclamação perante o Tribunal Criminal de Haia acusa Buhari de instigar a violência, acusação que o general reformado nega.

As forças de segurança estão em alerta máximo para violência eleitoral e extremista islâmica. As fronteiras marítimas e terrestres do país foram fechadas como precaução. Há mais bloqueios em vias de cidades como Abuja, a capital que foi afetada or grandes ataques suicidas no ano passado, que deixaram centenas de mortos. Fonte: Associated Press.