O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, rejeitou a proposta de formação de um governo de unidade nacional como o que solucionou a crise política no Quênia, revelou nesta terça-feira (1º) George Charamba, porta-voz do governo zimbabuano. A idéia foi oferecida pela África do Sul, um dos principais aliados do governo de Mugabe e conta com o apoio total dos demais líderes africanos que participam da cúpula União Africana (UA) no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh. A crise zimbabuana é o assunto principal do evento.
O governo sul-africano ofereceu-se a Mugabe e ao líder da oposição, Morgan Tsvangirai, para mediar os contatos para que ambos negociem a formação de um governo de coalizão e iniciem um processo de transição política.
Mas o regime de Mugabe rechaçou a proposta. "O Quênia é o Quênia. O Zimbábue é o Zimbábue. Nós temos nossa própria história de desenvolver um diálogo e resolver nossos problemas políticos no modo zimbabuano", disse Charamba aos veículos de imprensa presentes na cúpula. "A forma de resolver o problema é uma forma definida pelo povo do Zimbábue, livre de qualquer interferência externa. E é isso exatamente o que resolverá a questão", afirmou.
Charamba criticou os países ocidentais que conclamaram Mugabe a renunciar. "Eles podem ir para o diabo que os carregue. Eles podem ir para o diabo que os carregue um milhão de vezes. Eles não podem falar nada sobre a política zimbabuana, nada de nada", disse o porta-voz, acrescentando que Mugabe havia conquistado o mandato dos eleitores zimbabuanos.
O partido de Tsvangirai, o Movimento para a Mudança Democrática (MMD), negou as informações de que o presidente da África do Sul Thabo Mbeki, estaria perto de conseguir um acordo entre Mugabe e a oposição por um governo de unidade. Tsvangirai deixou hoje a embaixada da Holanda na capital do país, Harare, onde estava refugiado desde a semana passada, segundo declararam hoje diplomatas holandeses.