O presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, denunciou neste sábado o que chamou de “interferência externa” em seu país, em meio a pressões internacionais para que ele reconheça a vitória do líder da oposição, Alassane Ouattara, nas eleições presidenciais da semana passada.

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“Nos últimos dias, percebi sérios casos de interferência”, disse Gbagbo em discurso após tomar posse para mais um mandato de cinco anos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) e diversas lideranças mundiais reconheceram Ouattara como o novo presidente do país, mas Gbagbo contestou o resultado das eleições.

Confrontos entre partidários de Gbagbo e de Ouattara se intensificaram nos últimos dias, e forças de segurança mataram duas pessoas neste sábado na capital do país, Abidjã.

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O primeiro-ministro do país, Guillaume Soro, reconheceu a vitória de Ouattara e colocou seu cargo à disposição.

As pressões internacionais aumentaram depois que o presidente americano, Barack Obama, e seu colega francês, Nicolas Sarkozy, emitiram comunicados pedindo que ele aceitasse o resultado e deixasse o caminho livre para Ouattara.

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“A comunidade internacional exigirá daqueles agem para contrariar o processo democrático e a vontade do eleitorado que assumam a responsabilidade por seus atos”, disse o presidente americano em comunicado.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, juntou-se à comunidade internacional e disse que Ouattara é o “vencedor legítimo” das eleições.

Na sexta-feira o Conselho Constitucional do país declarou Gbagbo vencedor das eleições presidenciais, com 51,4% dos votos, contra 48,6% de Ouattara. Na quinta-feira, a comissão eleitoral do país havia declarado Ouattara vencedor do sufrágio.

Partidários de Gbagbo disseram na quinta-feira que a vitória de Ouattara foi uma “tentativa de golpe”. As fronteiras da Costa do Marfim foram fechadas na madrugada de sexta-feira e a programação da televisão e da rádio estatais foi tirada do ar. Aeroportos e portos foram fechados.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, deu seu apoio a Ouattara como o legítimo vencedor das eleições. O comunicado da ONU pede ao presidente Gbagbo, que governa o país desde o começo da década, a que “faça sua parte para o bem do país e coopere para uma transição política calma na Costa do Marfim”.

As tensões aumentaram ainda mais na noite da quarta-feira, após o assassinato de oito pessoas em um comitê eleitoral de Ouattara na capital Abidjã.

A eleição, considerada livre e justa por observadores internacionais, tinha como objetivo restaurar a credibilidade após a guerra civil de 2002-2003, que dividiu em dois o maior produtor de cacau do mundo. A ONU ainda possui 7,5 mil soldados e 1,3 mil policiais no país africano, onde cumprem desde 2004 uma missão de paz. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.