As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) liberaram mais um refém ontem, o quarto nos últimos dias. O presidente do país, Juan Manuel Santos, inicialmente apoiou o plano dos rebeldes, mas depois criticou a iniciativa, qualificando-a como uma “farsa” e um “show de mídia” dos guerrilheiros.
A expectativa era de que outros dois reféns fossem liberados ontem, mas o governo disse que quando os helicópteros usados para os resgates foram até as localidades onde os rebeldes disseram que os reféns estariam, não havia ninguém. O representante do governo Eduardo Pizarro criticou as guerrilhas por darem indicação “errada”. Hoje, o jornal colombiano El Tiempo afirmou que, segundo a Cruz Vermelha, a entrega dos dois sequestrados, Salín Sanmiguel e Guillermo Solórzano, ocorrerá amanhã.
O Brasil participa da operação, com helicópteros e tripulação para auxiliar nos resgates. O plano de libertação dos reféns foi anunciado no início de dezembro pelas Farc. Os rebeldes afirmam que o “plano humanitário” é para libertar seis sequestrados, sem pedir nada do governo em troca.
A reação inicial do governo Santos foi positiva, dizendo que apoiaria qualquer plano para salvar vítimas da guerrilha. Mas a contínua atenção dada ao plano na imprensa local e o fato de que as Farc continuam a sequestrar novos reféns levaram Santos a criticar a iniciativa. Ele disse que espetáculos desse tipo não ocorrerão novamente e atacou a “dupla moral” dos guerrilheiros, libertando alguns reféns e capturando outros. “Nós iremos revisar essa política de permitir a libertação de reféns um por vez”, disse Santos no sábado. “É uma farsa.”
A primeira libertação dessa recente leva ocorreu na quarta-feira, e duas outras se deram na sexta-feira. No domingo, o policial Carlos Alberto Ocampo, de 30 anos, foi libertado pelos rebeldes menos de suas semanas após ser capturado.
Santos ficou especialmente irritado com a libertação da sexta-feira, quando uma das vítimas libertada, o vereador José Armando Acuña, de 49 anos, apareceu depois de 20 meses de cativeiro limpo, de terno e gravata e com um bigode bem aparado. “O que acontece com o vereador… vindo da selva de gravata?”, disse Santos. “Está todo preparado (pelos rebeldes) para produzir um efeito. E quanto a essa conversa de ‘humanitário’, bem, há pouco a dizer.”
As Farc são consideradas um grupo terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia e enfrentam o governo colombiano há quase meio século. Inicialmente criadas como organização marxista pelos direitos dos pobres, as Farc passaram a se envolver ativamente com o narcotráfico.
As Farc ainda mantêm mais de dez vítimas sequestradas, usadas como moeda de troca em negociações com o governo, entre elas policiais e políticos locais. Além disso, as Farc e outros grupos rebeldes colombianos podem ter mais de 100 reféns, que devem ser trocados por resgates em dinheiro. As informações são da Dow Jones.