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Foto: Arquivo

O desmatamento contribui para a emissão de toneladas de carbono no ambiente.

São Paulo – Uma redução de 50% na taxa de desmatamento de florestas tropicais até 2050, e a manutenção desse nível até 2100, pode evitar a emissão de 50 bilhões de toneladas de carbono neste século, o equivalente a 12% do total de reduções que deve ser alcançado para diminuir os danos do aquecimento global. O número, apresentado ontem por uma equipe internacional de pesquisadores na revista Science (www.sciencemag.org), fortalece as propostas de criação de um mercado internacional que incentive financeiramente a redução do desmatamento nos países tropicais.

Só na década de 90, a destruição de florestas tropicais foi responsável por uma emissão anual de 1,5 bilhão de toneladas de carbono, ou quase 20% das emissões de gases-estufa, de acordo com dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU. ?Acreditamos que essa redução é factível do ponto de vista econômico, ao mesmo tempo que é significativa para o clima?, explica o climatologista Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e co-autor do artigo.

Ele defende que uma política de desmatamento evitado é particularmente viável para o Brasil, podendo chegar a até 70% ou 80% dos níveis atuais de desmatamento.

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Os pesquisadores lembram no artigo que reduzir o desmatamento não apenas evita lançar na atmosfera o carbono armazenado nas árvores como também ajuda a reduzir os impactos das mudanças climáticas nas áreas remanescentes de floresta. Como exemplo, eles citam o ciclo do El Niño entre os anos de 1997 e 1998. ?A experiência demonstrou como mudanças climáticas podem interagir com mudanças no uso da terra e colocar grandes áreas da floresta em risco?, escrevem.

Segundo os pesquisadores, a extensão de áreas secas promovida pelo fenômeno climático de aquecimento das águas do Oceano Pacífico ao longo da Amazônia e do Sudeste Asiático aumentou a mortalidade de árvores e o risco de incêndios. Globalmente, o aumento de queimadas promovido pelo El Niño lançou uma quantidade extra de 2,1 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera. ?A principal mensagem que queremos passar com o artigo é que podemos atacar o aquecimento global, ao menos em parte, com a redução do desmatamento?, disse Daniel Nepstad, do Centro de Pesquisa de Woods Hole e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), co-autor do texto.

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Para Nepstad, outra mensagem importante é direcionada ao governo brasileiro. ?O País é o que mais pode lucrar se for criado um mercado para países que consigam reduzir o seu desmatamento. Nos últimos anos, a taxa de destruição da Amazônia já vem caindo; reduzir 50% é completamente factível?, diz.

Para Nepstad, no entanto, esse número corre o risco de ser muito conservador. Ele teme que o incentivo aos biocombustíveis e o aumento do preço da soja possam impulsionar o desmatamento nos próximos anos. ?Isso significa que daqui a uns 10 ou 20 anos teremos de reduzir ainda mais o desmatamento.?