Vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel iniciou na terça-feira (13) uma greve de fome em massa por tempo indeterminado. Ele protesta contra o descaso do governo da presidente Cristina Kirchner em relação à fome que atinge a empobrecida região de La Quiaca, na província de Jujuy, no norte do país. Esquivel está sendo acompanhado pelo padre da paróquia local, Jesús Olmedo, e 300 pessoas que residem na região. Ele afirmou que a greve “será levada às últimas consequencias”.
Esta é a primeira greve de fome de tal magnitude desde a volta da democracia no país, em 1983. O Nobel pretende que o governo da presidente Kirchner reflita sobre a situação de pobreza e fome que assola Jujuy. Segundo o padre Olmedo, 60% da população está abaixo da linha da pobreza. O clérigo disse que, em 2008, La Quiaca não recebeu ajuda alguma do governo federal.
O padre afirma que o governo provincial não responde aos pedidos de ajuda realizado pelos habitantes de La Quiaca. “A única resposta do governador Eduardo Fellner é o silêncio ou a repressão. Esse senhor sequer tem a dignidade para ouvir o clamor dos pobres e dos Coyas (grupo indígena predominante na região)”, disse.
Esquivel, de 78 anos, começou a pregar a não-violência em 1968, época em que ele ingressou nos movimentos de defesa de direitos humanos. Arquiteto e escultor, esteve preso entre 1977 e 1979 a mando da cúpula da última Ditadura Militar (1976-83) por sua militância contra a tortura e os assassinatos de civis. Em 1980, Esquivel recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo trabalho em defesa dos direitos humanos e do pacifismo. Junto com bispos, teólogos e líderes comunitários, ele criou o Serviço Paz e Justiça (Serpaj).