Os pais de família do Reino Unido que possuem filhos menores de cinco anos e enfrentam difícil situação financeira receberão do governo britânico uma bolsa-auxílio de 200 libras para favorecer o desenvolvimento das crianças através da alimentação, educação, esporte e assistência médica.
A medida, por enquanto experimental, foi anunciada pelo primeiro-ministro trabalhista, Gordon Brown, que explicou como a iniciativa quer reintroduzir na sociedade britânica a mobilidade social que existia e "que se perdeu nos anos 70 e 80, deixando uma geração esquecida de filhos de [Margaret] Thatcher". Segundo o premier, Thatcher não atuou bem nesse sentido.
Gordon Brown diz que "a mobilidade social começa com os pais, que querem ver seus filhos em situação melhor que a deles". "Mas não se pode consegui-lo sem que as pessoas adotem a ética do trabalho, a ética da aprendizagem, e sem que mirem alto. Aí, depende também do governo, que deve garantir às pessoas a capacidade de participar plenamente na definição do próprio futuro".
"O maior teste de nosso tempo é construir um Reino Unido mais justo, próspero e com uma mobilidade social voltada para cima", disse o premier britânico.
A "bolsa para desenvolvimento da criança" — parte de um esquema de ajudas de 125 milhões de libras dividido em três anos — ajudará as famílias que não usam os serviços do "Sure Start" ("início seguro"), um programa criado para dar oportunidade às crianças pobres e que envolve vacinações, apoio à leitura e, em geral, suporte ao trabalho de educação dos pais menos favorecidos.
Segundo o jornal "The Guardian", a medida também pretende reposicionar Gordon Brown diante da esquerda trabalhista, desiludida com as políticas liberalizantes do "New Labour".
Comentando o discurso de Brown, o líder conservador David Cameron afirmou que é "ridículo" criticar Margaret Thatcher e que a falta de mobilidade social é fruto dos anos de governo trabalhista.