O primeiro-ministro da Malásia, Abdullah Ahmad Badawi, renunciou nesta quinta-feira (2) após cinco anos e meio de governo. Com isso, abriu caminho para a posse do vice, Najib Razak, que terá a difícil tarefa de reconstruir a economia e a abalada reputação do partido no governo. Abdullah entregou a sua renúncia ao rei, o monarca constitucional. O rei a aceitou e Razak deve jurar amanhã como novo primeiro-ministro.
A transição, porém, ganhou contornos mais difíceis quando todos os 81 parlamentares da oposição enviaram uma petição ao rei. Os oposicionistas pedem que a posse de Razak seja adiada até que ele seja inocentado de suspeitas de corrupção e de vínculo com um assassinato.
Abdullah, de 69 anos, era pressionado a renunciar desde que sua coalizão Frente Nacional sofreu seu pior resultado, nas eleições gerais de março de 2008. Os críticos da coalizão atribuem o revés aos esforços do governo para permitir mais liberdade de expressão, inclusive liberando críticas à administração.
O antecessor de Abdullah, Mahathir Mohamad, manteve um regime semiautoritário por 22 anos. Nos três últimos anos, Abdullah foi debilitado pelos constantes ataques de Mahathir, que o acusou de nepotismo e ineficiência. A coalizão governista se mantém no poder desde a independência da Malásia, em 1957. Nas eleições do ano passado, não conseguiu maioria de dois terços pela primeira vez em 40 anos, já que a oposição conseguiu 82 dos 222 postos do Parlamento.
A oposição também se beneficiou do descontentamento entre as minorias, que há décadas veem a maioria malaia conseguir mais empregos, vagas na escola e oportunidades de negócios. Razak, de 55 anos, é acusado pela oposição de corrupção em um acordo sobre submarinos franceses, quando era ministro da Defesa.
Ele também é acusado de estar envolvido no homicídio de uma mulher da etnia mongol, casada com um amigo próximo do político. Razak nega todas as acusações, afirmando que não passam de “mentiras maldosas”.