O primeiro-ministro da Irlanda do Norte, Peter Robinson, ameaçou renunciar nesta quarta-feira por causa de revelações de que o governo britânico teria fornecido cartas oficiais que permitiam que 187 integrantes do Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla em inglês) fugissem para a República da Irlanda.
O primeiro-ministro disse que o seu partido, o Unionista Democrático, ligado aos protestantes, não teria formado uma coalizão com o Sinn Fein, a legenda ligada ao IRA, em 2007, se fosse revelado que a Grã-Bretanha tinha dado garantias por escrito para que rebeldes veteranos fugissem.
As cartas permitiam aos destinatários livre circulação por todo o Reino Unido, incluindo a Irlanda do Norte, sem o risco de serem presos. O partido Sinn Fein exigiu a medida como parte do processo de paz, um detalhe do acordo que não foi revelado pelo governo britânico aos integrantes do partido Unionista Democrático.
Robinson ameaçou pedir demissão, dizendo que seu partido não poderia apoiar um sistema que estava deixando os membros do IRA, responsáveis por conflitos que mataram 3.700 pessoas em quatro décadas, fora da prisão. Se o primeiro-ministro renunciar, o governo, a instituição central do acordo de paz de 1998, potencialmente poderia ser derrubado.
O premiê acusou os líderes do governo britânico de mentir repetidamente para ele e outros opositores protestantes. “Eu quero uma investigação judicial completa sobre todas essas questões para que possamos ver quem sabia e quando eles souberam”, disse Robinson.
A justiça da Grã-Bretanha admitiu a validade das cartas nesta terça-feira depois de um juiz britânico rejeitar as acusações contra John Downey, um veterano do IRA, responsável por um bombardeio que matou quatro pessoas em Londres, em 1982.
Downey, de 62 anos, foi preso no ano passado em um aeroporto de Londres, quando mostrou à polícia sua carta de indenização pela prisão dos crimes do IRA. O juiz determinou que a Grã-Bretanha deveria ter reconhecido a validade do documento. Fonte: Associated Press.