O Irã deu hoje o seu mais claro sinal de apoio ao primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, que tenta permanecer no cargo após mais de sete meses de impasse político em Bagdá. Teerã joga um papel crucial na política iraquiana e na coalizão de governo de al-Maliki, liderada pelos xiitas. O premiê iraquiano fez hoje sua primeira visita oficial à capital iraniana após a inconclusiva eleição de março no Iraque.

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Al-Maliki teve reuniões com o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, e com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. Na reunião com Khamenei, al-Maliki descreveu a relação Irã-Iraque como “estratégica” para Bagdá e pediu ao Irã que ajude a reconstruir seu país. “Nós pedimos ao Irã e a nossos vizinhos que apoiem a nossa reconstrução e deem impulso à cooperação para desenvolver a economia e o comércio, o que ajudará a melhorar a estabilidade regional”, disse al-Maliki.

Khamenei, por sua vez, culpou a presença das tropas norte-americanas pelos problemas do Iraque, embora tenha ressaltado a necessidade de um novo governo ser formado o mais cedo possível em Bagdá. “A formação de um governo, o mais cedo possível, e o estabelecimento total da segurança, estão entre as principais necessidades do Iraque, porque o país precisa de desenvolvimento e reconstrução. O Iraque não pode ser reconstruído sem o estabelecimento da segurança e um novo governo”, disse Khamenei.

O Irã tem o poder de mudar a sorte política de al-Maliki, através dos seus profundos laços com as facções xiitas iraquianas, as quais têm controlado o governo e as forças de segurança desde a invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003, que derrubou o ditador Saddam Hussein, arqui-inimigo do Irã.

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A coalizão de al-Maliki está próxima a assegurar um número suficiente de aliados para formar uma maioria no Parlamento, apesar de ter ficado por pouco em segundo lugar nas eleições, com um deputado a menos que o bloco opositor sunita. O vice-chanceler do Irã, Rauf Sheibani, disse que al-Maliki era “uma das escolhas mais adequadas” para liderar o próximo governo iraquiano – a mais clara indicação de que Teerã deseja que al-Maliki fique no poder. Sheibani foi citado pela agência estatal de notícias IRNA, elogiando a experiência de al-Maliki e as “condições delicadas” no Iraque, durante a retirada das tropas dos EUA.