A possibilidade de vitória do centro-esquerdista Fernando Lugo na eleição presidencial de deste domingo (20) tem preocupado os brasiguaios – agricultores brasileiros que há pelo menos quatro décadas vivem e produzem no Paraguai. O ex-bispo, candidato da Aliança Patriótica para a Mudança, faz questão de desmentir os rumores de que promoveria uma reforma agrária em terras produtivas, mas sem título de propriedade – o que afetaria grande parte da comunidade brasileira. Mas, mesmo assim, a tensão continua.

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Vilmar Alba, brasiguaio de 43 anos, mudou-se para o Paraguai 16 anos atrás, mas é dos poucos que não estão preocupados com Lugo. Na verdade, ele considera que o ex-bispo regularizará os títulos de posse para os lavradores brasiguaios. Alba é prefeito de Mbaracayú, de 8.500 habitantes. Nascido em Santa Catarina, há poucos anos entrou na política e foi eleito prefeito pelo Partido Liberal Radical Autêntico, que integra a coalizão de Lugo.

Os brasiguaios têm peso significativo na economia do Paraguai. Eles são responsáveis pela produção de 98% da soja exportada pelo país – atividade que responde por 30% do PIB paraguaio. Mas de tempos em tempos, há tensões entre camponeses paraguaios e brasiguaios por disputas de terras.

"Setores nacionalistas acusam os brasiguaios de não se integrarem, e a esquerda afirma que eles prejudicam o meio ambiente com suas lavouras industrializadas de soja", explica ao Estado o sociólogo Bernardino Cano Radil. O jornalista Andrés Colmán Gutiérrez, especialista no tema dos brasiguaios, estima o número de imigrantes brasileiros em 450 mil, metade dos quais estaria de forma ilegal no país. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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