A capital do Haiti amanheceu paralisada nesta segunda-feira, 10, após uma onda de protestos violentos tomar conta do país no domingo, pedindo a renúncia do presidente Jovenel Moise. Tanto o transporte público quanto escolas e comércios não estão abertos. Rodovias ao redor da capital também estão bloqueadas com barricadas, e tiros foram ouvidos por moradores em várias regiões da capital do país.
Um dos líderes da oposição estima que ao menos 7 pessoas foram mortas e mais de 100 estejam feridas, enquanto a Polícia aponta 2 mortes e 5 pessoas feridas. 12 manifestantes foram presos após atear fogo a dois carros da polícia e dois edifícios.
Testemunhas afirmam que um dos mortos teria sido atingido a pedradas por um policial. Outro morto teria sido atingido pela Guarda Presidencial em frente ao palácio do presidente da República, após os seguranças atirarem contra um grupo de manifestantes. O governo ainda não se pronunciou sobre o ocorrido.
Moise é investigado por corrupção por recebimento de dinheiro irregular do programa Petrocaribe, por onde a Venezuela oferecia petróleo a preços inferiores ao Haiti. O governo de Nicolás Maduro também teria financiado obras no Haiti que nunca saíram do papel.
Outros membros do governo haitiano estão na mira da investigação, como o ex-presidente Michel Matelly e o ex-primeiro ministro Laurent Lamothe. Segundo investigação da Corte Superior de Contas do Haiti, existe uma rede de funcionários no governo que manejam obtenção de contratos e concessões para amigos de Matelly e Lamothe.
A Corte definiu como “grave” o gasto superior a US$ 2 milhões dos fundos da Petrocaribe entre 2008 e 2016, equivalente à metade dos recursos gerados pelo programa neste período.
A crise econômica e política no Haiti está agravada desde 7 de fevereiro, o mesmo dia em que Moise completou dois anos no cargo. (Com agências internacionais)