O alívio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na pressão sobre a Colômbia, para que o país forneça garantias de que seu acordo militar com os Estados Unidos não ameaça a soberania dos vizinhos, deveu-se a uma aposta na mudança dos termos do acerto bilateral.
O Itamaraty espera que o acordo, que prevê a presença de soldados norte-americanos em sete bases colombianas para o combate ao narcotráfico, não sobreviva à nova política antidrogas da Casa Branca. Finalizado há mais de três meses, o acordo ainda não foi assinado pelos presidentes colombiano, Álvaro Uribe, e norte-americano, Barack Obama.
No fim do mês passado, o diretor de Políticas Nacionais de Combate às Drogas dos EUA, Gil Kerlikowske, esteve na Colômbia e falou a Uribe sobre a opção da Casa Branca por uma estratégia mais “equilibrada”. Em vez de se concentrar na repressão judicial e militar, prevista no Plano Colômbia, Washington tenderia a reforçar suas políticas de redução na demanda por drogas.
Lula também adotou um tom mais moderado durante o encontro com Uribe na segunda-feira, em São Paulo, pois estaria preocupado com o prejuízo a interesses empresariais, além de temer um isolamento da Colômbia no projeto de integração da União de Nações Sul-americanas (Unasul) e em seu braço militar, o Conselho de Defesa.
Na prática, Lula demonstrou a Uribe que ele pode contar com o Brasil para evitar o isolamento na Unasul, desejado pelos presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, Evo Morales, da Bolívia, e Rafael Correa, do Equador. Para o governo brasileiro, disseram assessores de Lula, interessa ter a Colômbia plenamente integrada no bloco.