Os 29 milhões de habitantes de Nova Délhi enfrentam uma intensa nuvem de poluição, uma emergência de saúde que levou ao fechamento de escolas, à interrupção do trânsito e à paralisação de obras. O nível de partículas prejudiciais à saúde está 25 vezes acima do limite considerado seguro pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

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De acordo com o Greenpeace e a AirVisual, que monitora a qualidade do ar em várias cidades, Nova Délhi é a cidade mais poluída do mundo. Um relatório recente publicado pelas duas ONGs indica que 7 das 10 cidades com pior qualidade do ar do planeta estão na Índia.

De acordo com a OMS, a exposição a essas toxinas aumenta o risco de infecções respiratórias agudas, assim como doenças cardíacas, pulmonares crônicas e câncer de pulmão. Autoridades de saúde já relataram um aumento de pacientes com problemas respiratórios – embora não tenham divulgado números.
O ministro-chefe de Nova Délhi, Arvind Kejriwal, comparou a região a uma “câmara de gás”. “Há fumaça por todos os lados e as pessoas, incluindo jovens, crianças e idosos, têm dificuldades para respirar”, afirmou. “Os olhos ardem. Nova Délhi se tornou uma câmara de gás.”

Uma neblina poluente envolve a capital da Índia a cada inverno, provocada pelos gases dos 8,8 milhões de veículos, emissões industriais e fumaça de queimadas agrícolas nos Estados vizinhos. No entanto, a crise atual é mais grave.

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O governo de Kejriwal proibiu a circulação de metade dos carros particulares na tentativa de amenizar o problema que, em 2017, matou cerca de 1,24 milhão de pessoas na Índia. “Para seu bem, para a saúde de seus filhos e para a respiração de suas famílias, por favor, respeite o plano (de rodízio). Compartilhe o carro”, afirmou o ministro no Twitter.

Paralisação

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As escolas estão fechadas desde sexta-feira. As obras de construção estão paralisadas. Autoridades de aviação informaram que 3 voos foram desviados para cidades próximas e 500 estão atrasados. Kejriwal anunciou que o governo distribuiu 5 milhões de máscaras para a população. Na Índia, a expectativa de vida tem uma redução média de 7 anos em razão da poluição.

Entre os esforços para combater a onda de poluição está a criação de uma equipe com 62 integrantes que será encarregada de punir eventuais violações às medidas em Nova Délhi.

O governo enviou uma caminhonete com um purificador de ar ao Taj Mahal, a principal atração turística do país, a 250 km de Nova Délhi, por temer que a poluição afete o mausoléu de mármore do século 17. Outras regiões da Índia também foram afetadas pelo “smog”, de acordo com a Junta Central de Controle da Contaminação.

Com eleições em Nova Délhi programadas para o início de 2020, a crise virou um tema político. Kejriwal afirmou que a cidade fez sua parte para combater a contaminação e as queimadas em fazendas de fora da capital. O ministro indiano do Meio Ambiente, Prakash Javadekar, acusou Kejriwal de politizar o tema, enquanto um deputado do governista Partido Bharatiya Janata (BJP) chamou de “truque” o rodízio de placas e afirmou que pretendia ignorar a regra.

Um grupo de ambientalistas escreveu uma carta ao primeiro-ministro, Narendra Modi, pedindo uma solução. “Uma criança nascida ontem em Nova Délhi fumou o equivalente a 40 ou 50 cigarros em seu primeiro dia de vida”, disse Arvind Kumar, cirurgião pulmonar no Hospital Sir Ganga Ram Hospital, na capital indiana, que criou a Fundação para o Cuidado Pulmonar.

Especialistas alertam que o governo indiano deve ir além de medidas paliativas de curto prazo e abordar as principais causas da contaminação para melhorar a qualidade do ar no longo prazo. Daniel Cass, vice-presidente de saúde ambiental da Vital Strategies, acredita que as autoridades locais deveriam restringir as emissões das motos, muito utilizadas em Nova Délhi, e pediu mais investimentos em transporte público.

Mudar as práticas agrícolas, as fontes de geração de energia elétrica e acelerar a conversão da calefação doméstica do carvão para o gás natural também são medidas cruciais na luta contra a poluição, de acordo com Cass.
A chanceler alemã, Angela Merkel, que visitou Nova Délhi no fim de semana, prometeu € 1 bilhão ao governo da Índia para estimular os transportes ecológicos nos próximos cinco anos e também pediu às autoridades locais mais ações contra a poluição. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.