O policial que matou o brasileiro Jean Charles de Menezes em um trem do metrô de Londres afirmou hoje que estava certo que havia um perigo “incomensurável” de um atentado suicida. O eletricista brasileiro estava desarmado e foi confundido com um suspeito de terrorismo.
“Não havia dúvidas sobre o tipo de suspeito que tínhamos de interceptar e eles estavam preparados para dar suas próprias vidas, bem como a de outros, e o perigo era incomensurável”, afirmou o policial, que tem garantia de anonimato no inquérito e apenas é identificado pelo seu código, C12.
O inquérito, que não inclui um julgamento, é pedido pela lei britânica sempre que uma pessoa morre de maneira inesperada, violenta e por causas desconhecidas. A família do brasileiro espera que o trabalho forneça mais informações sobre a morte de Jean Charles O eletricista morreu aos 27 anos. Ele havia sido seguido desde seu apartamento, que seria no prédio onde vivia um suspeito. Jean Charles entrou no trem do metrô e recebeu sete tiros na cabeça disparados pela polícia.
O testemunho de hoje foi a primeira ocasião em que os policiais que participaram da operação falaram publicamente sobre o caso. A mãe de Jean Charles, Maria Otone de Menezes, de 63 anos, e seu irmão Giovani da Silva, de 36, estavam presentes.
Segundo o inquérito, aconteceu um problema de comunicação entre policiais no caso. No dia anterior à morte, houve uma tentativa fracassada de atentado terrorista contra o sistema de transportes de Londres. Duas semanas antes, atentados na capital inglesa haviam matado 52 pessoas.
O policial disse que houve um corte na comunicação via rádio quando ele estava muito perto da estação do metrô. A testemunha afirmou que nunca havia atirado em uma pessoa com a arma, até o caso da morte de Jean Charles. Nenhuma pessoa foi acusada, ainda que uma corte tenha condenado a polícia no ano passado por violações à saúde e segurança, ao ameaçar a segurança pública durante a operação.
