Polícia veta acesso de brasileiros à embaixada

Cercada por uma barreira do Exército e da polícia, a Embaixada do Brasil em Honduras foi proibida ontem de receber cidadãos brasileiros pelas autoridades do governo de facto. Mesmo com passaportes à mão, parentes de funcionários e jornalistas brasileiros tiveram o passe negado, em última instância, pelo comissário de polícia Rosário Mejías, que comanda o cerco ao prédio.

“Esse tipo de situação só ocorre quando há um governo de facto e arbitrário”, resumiu o encarregado de negócios da embaixada, ministro Francisco Catunda Resende. “Essa é uma falta diplomática grave. Um verdadeiro absurdo”, disse, por telefone, ao jornal O Estado de S. Paulo.

Desde a manhã de segunda-feira, Catunda se tornou anfitrião do presidente deposto Manuel Zelaya, que voltou a Honduras secretamente. O diplomata igualmente se tornou uma espécie de refém de um episódio político delicado, que colocou o Brasil no centro da disputa entre Zelaya e o presidente de facto, Roberto Micheletti. Sua instrução é a de não deixar o prédio e não interferir em reuniões ou conversas que Zelaya possa manter.

Segundo o diplomata, na segunda-feira, a mulher de Zelaya, Xiomara, procurou-o pedindo para conversar. Catunda a recebeu, mas se surpreendeu quando Xiomara disse que Zelaya esperava em um carro na frente do prédio e queria saber se o governo brasileiro permitiria que ele ficasse na embaixada, sob sua proteção.

O consentimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava voando para os EUA, demorou apenas dez minutos. O carro de Zelaya entrou pela garagem da embaixada. Ele saiu carregando uma mala. Vinha apenas com a mulher e se instalou no gabinete do embaixador Brian Fraser Neele, que estava de férias na época do golpe e permaneceu no País, por ordem do Itamaraty.

Partidários de Zelaya escalaram muros da vizinhança e ingressaram no prédio. Na terça-feira, a embaixada abrigava 313 pessoas. Por recomendação do chanceler Celso Amorim, Catunda pediu a Zelaya para reduzir o número de partidários na embaixada. O próprio Catunda dispensou 8 dos 12 funcionários, que foram retirados por uma operação da Embaixada dos Estados Unidos.

Desde então, a representação brasileira abriga cerca de 60 pessoas, incluindo Zelaya e Xiomara e mais três funcionários da embaixada. Catunda ainda teme uma invasão do prédio. “São boatos constantes.”

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna