A polícia venezuelana iniciou investigações sobre a agressão cometida contra jornalistas que participaram ontem de uma marcha da oposição contra a polêmica Lei Orgânica da Educação, aprovada pelo Congresso.
Ontem, o Ministério para a Comunicação e Informação condenou os atos de violência, que deixaram feridos 12 jornalistas da rede Capriles, que edita publicações adversas ao governo.
Ao condenar as ações, atribuídas por oposicionistas a manifestantes governistas, o ministério declarou “em uma democracia como a nossa, participativa, no seio de uma revolução que promove a paz, a solidariedade e o humanismo, as diferenças têm que ser resolvidas no plano das ideias, a partir do diálogo, sempre construtivo”.
O Corpo de Investigações Científicas Penais e Criminalísticas começou a investigar tais ações e anunciou que irá punir os responsáveis.
Também ontem foi aprovada, após dez horas de debates, a lei da educação, que prevê uma série de reformas no sistema educacional, como o maior papel do Estado na área e a extensão do ano letivo a no mínimo 200 dias.
A oposição e entidades que defendem a educação particular e religiosa acusam o governo de Hugo Chávez de querer doutrinar os estudantes com base em seu “socialismo do século XXI”. Contudo, o ministro da Educação, Héctor Navarro, afirma que a lei “é necessária para garantir a igualdade de oportunidades” no país.
Após modificações, os parlamentares ratificaram o projeto e o devolveram à Comissão da Educação, que deve redigir um novo informe. Este será novamente avaliado em Plenário. Durante a sessão houve manifestações a favor e contra a iniciativa.
A bancada opositora no Congresso se retirou da sessão e anunciou a convocação de um referendo contra a medida, considerada “inconstitucional” pelo deputado Ismael García, do partido Podemos.
“Aqui não se ouviu a ninguém, não se escutou os pedidos da Igreja Católica. Chegou a hora de reagir, não vamos aceitar esta lei, vamos pedir um referendo para perguntar ao povo se aceita ou não esta lei”, disse.
O governista Luis Tascón, por sua vez, acusou o Podemos de buscar criminalizar o Parlamento por não ter bons argumentos contra o projeto.