A polícia tunisina dispersou hoje um protesto de cerca de mil manifestantes, os quais pediam, na frente do escritório do primeiro-ministro Mohamed Ghannouchi, a renúncia do governo provisório. Embora tenham ocorrido algumas manifestações e confrontos em Túnis e em Sidi Bouzid, a calma aparentou voltar à maior parte da Tunísia, após o governo provisório ter afastado cinco ministros que serviram ao governo de Zine El Abidine Ben Ali, que governou o país durante 23 anos e foi derrubado pela revolução popular em 14 de janeiro. Também hoje, o governo do Canadá afirmou que irá extraditar à Tunísia o cunhado de Ben Ali, Belhassem Trabelsi, irmão de Leila Trabelsi, ex-primeira-dama tunisina. A família Trabelsi é acusada de corrupção na Tunísia.

continua após a publicidade

Ontem, Ghannouchi indicou três políticos independentes para os cargos de ministro da Defesa, das Relações Exteriores e do Interior. Isso ajudou a reduzir um pouco a pressão popular sobre o governo provisório. Mesmo assim, muitas pessoas acreditam que Ghannouchi, ele próprio um ex-colaborador de Ben Ali, precisa deixar imediatamente o poder. “Eu acredito que a pressão que foi colocada sobre o governo rendeu seus frutos, o que significa que obtivemos boas concessões”, disse Khamel Ben Hamida, um morador de Túnis. “Acho que agora seria mais razoável parar de pedir a queda do governo”.

Mas outros cidadãos ainda estão descontentes com o fato de Ghannouchi ainda fazer parte do gabinete. “Nós não concordamos com essa decisão. Isso é contra a vontade do povo. Nós queremos a renúncia do gabinete inteiro, inclusive do primeiro-ministro Ghannouchi”, disse Mohamed Boukhres, um manifestante que estava em frente ao escritório do premiê.

O novo gabinete inclui 12 novos ministros e 9 sobreviventes do primeiro gabinete de governo provisório, nomeado em 17 de janeiro, além de Ghannouchi, que é premiê desde 1999. Entre os novos ministros, estão o do Interior, Farhat Rajhi, o da Defesa, Abdelkrim Zbidi, e o das Relações Exteriores, Ahmed Ouanies. Apenas três ministros do gabinete nomeado têm raízes no governo de Ben Ali, em comparação a 10 que tinham no primeiro gabinete. “Nós vamos adotar reformas econômicas e sociais para impulsionar o crescimento econômico em todos os setores. Vamos melhorar as condições de vida dos tunisianos no país inteiro”, disse Ghannouchi.

continua após a publicidade

O governo do Canadá informou hoje que irá extraditar o bilionário cunhado de Ben Ali, Belhassem Trabelsi, irmão de Leila Trabelsi. Enquanto o ex-governante fugiu com sua esposa para a Arábia Saudita, Belhassem Trabelsi escapou para o Canadá.

O ministro das Relações Exteriores do Canadá, Lawrence Cannon, disse que seu país “não quer um criminoso como ele por aqui, por isso vamos atender ao pedido da Tunísia”, disse à emissora estatal de televisão do Canadá. Belhassem Trabelsi chegou em um jato particular em Montreal com sua esposa, filhos e a babá das crianças na semana passada. Belhassem ainda pode recorrer da decisão e lutar contra a extradição no Canadá. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

continua após a publicidade