Diante dos custos econômicos grandes e da instabilidade política associados à crise da Grécia, o Eurasia Group afirma não ver a possibilidade de que o drama grego favoreça as perspectivas eleitorais do Podemos, na Espanha, ou de outros partidos “populistas” entre os países mais pobres da zona do euro.
De acordo com a consultoria, mesmo um “acordo generoso” dos credores, incluindo um alívio na dívida de Atenas, se daria no contexto de outro grande pacote de ajuda, forte recessão, bancos à beira do colapso e medidas de austeridade.
Enquanto isso, a Espanha está crescendo 4% e cerca de meio milhão de empregos foram gerados nos últimos 12 meses. Segundo o Eurasia Group, no momento da eleição espanhola, em novembro, a recuperação forte terá sido sentida pela grande maioria da população. “Nesse cenário, partidos como o Podemos terão muita dificuldade para justificar uma alternativa radical.”
A consultoria diz que os resultados das eleições regionais foram “simbolicamente bons” para o Podemos, com vitórias em Madri e Barcelona, diante da formação de coalizões de esquerda nessas cidades. Mas nacionalmente o partido teve um desempenho “fraco”, com 12% dos votos. O Eurasia Group diz que há uma tendência de queda no Podemos, por três fatores: a rápida melhora econômica, e resistência do Partido Socialista Obrero Español (PSOE) e o fato de o partido Ciudadanos funcionar como uma barreira ao centro do espectro político. Segundo a consultoria, os acontecimentos na Grécia reforçarão a visão de que o Podemos não conseguirá atrair eleitores do centro e da centro-esquerda, onde a maioria dos eleições são decididas na Espanha.
O Eurasia Group acredita que o cenário mais provável, diante disso, é que o Partido Popular (PP), atualmente no poder, consiga formar um governo, com o apoio de partidos moderados. (Gabriel Bueno da Costa)