Piratas somalis torturam sistematicamente os reféns e os usam como escudos humanos, afirmou hoje o principal comandante da Força Naval da União Europeia (UE). Os reféns têm sido amarrados de ponta-cabeça, lançados ao mar, espancados e trancados em freezers, além de terem argolas de plástico amarradas ao redor de seus órgãos genitais, afirmou o general Buster Howes.
“Tem havido manifestações regulares de tortura sistemática”, disse ele. “Se navios de guerra se aproximarem muito das embarcações capturadas, os piratas levam os reféns até o deck e os espancam na frente das forças navais até que o navio vá embora”, disse Howes. “Alguns anos atrás eles eram mais contidos e muito mais respeitosos” com os reféns, disse ele, mas agora “eles mostram um desejo de usar a violência com mais rapidez e são muito mais violentos”.
A avaliação de Howes sobre a piora no tratamento é baseada em relatos dos próprios reféns, em dados da inteligência naval e em informações passadas por empresas de navegação comercial. Como o valor dos resgates aumentou, alguns pescadores somalis que começaram a sequestrar navios se tornaram mais implacáveis e se organizaram em gangues.
Mais navios de guerra na região e tripulações mais preparadas significa que os piratas têm de usar mais violência para parar os navios – como atingir as embarcações com várias granadas propelidas por foguete – e às vezes mais violência para chegar aos tripulantes, que se fechem num local seguro ou “cidadela”.
Esses locais, escondidos atrás de portas reforçadas, costumam ter provisões, meios de comunicação e de controle dos motores do navio. Os tripulantes conseguem ficar em segurança nesses cômodos enquanto o navio segue sua rota e até que um navio de guerra consiga se aproximar. Segundo Howes, em 21 incidentes nos últimos meses, os piratas entraram no navio, descobriram que os tripulantes estavam numa cidadela e tiveram de abandonar a embarcação. As informações são da Associated Press.