Piñera é eleito e enterra 20 anos de domínio da esquerda

Após 20 anos de hegemonia da coalizão de centro-esquerda Concertação, o candidato da direita, Sebastián Piñera, venceu ontem as eleições presidenciais chilenas. O candidato governista e ex-presidente, Eduardo Frei, reconheceu a derrota no fim da tarde e, depois de felicitar Piñera, prometeu que o fracasso da Concertação é “apenas uma parada no nosso caminho”.

Com 99% das urnas apuradas, o candidato direitista tinha 51,61% dos votos e o ex-presidente da Concertação, 48,32%. “Continuaremos a ser guardiães da liberdade e das conquistas sociais no Chile”, disse Frei depois de confirmada a derrota. A Concertação estava no poder desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e foi responsável pela consolidação democrática e por uma série de avanços sociais e econômicos. Há 52 anos a direita não ganhava uma eleição presidencial no país.

Para comemorar a vitória, milhares de simpatizantes de Piñera foram para as ruas em todo o Chile. “Estão chegando tempos melhores para o Chile”, disse Piñera, após pedir unidade e oferecer diálogo à Concertação. “A democracia chilena deu hoje um novo e grande passo demonstrando sua solidez e maturidade.”

Piñera é um dos empresários mais importantes do Chile e tem um patrimônio de US$ 1,2 bilhão, que inclui as ações majoritárias da companhia aérea LAN, uma rede de TV e o time de futebol Colo-Colo. Durante a disputa, ele procurou se distanciar da direita pinochetista, mas sua coalizão também inclui setores conservadores “duros”, como a União Democrata Independente (UDI).

Desgaste

Entre os fatores que ajudaram o direitista a subir nas pesquisas estão o desgaste da Concertação, após duas décadas no poder, e os desentendimentos entre os setores governistas. No primeiro turno, por exemplo, Frei conseguiu apenas 29% dos votos (15 pontos a menos que Piñera) porque a esquerda apresentou três candidatos – também concorreram o dissidente Marco Enríquez-Ominami e o comunista Jorge Arrate.