A Mimosa strobiliflora Burkart, planta da família Mimosaceae, estava habituada a nascer, dar frutos e sementes em uma área pequena, de 100 por 150 metros quadrados, às margens do Rio Iguaçu. Agora ela está florescendo fora de sua região, no Jardim Botânico de Curitiba. A equipe de pesquisadores do Museu Botânico Municipal coletou, em 12 de junho do ano passado, oito mudas do arbusto que pertence a uma espécie raríssima. Ela só havia sido coletada uma única vez, 87 anos antes, em 12 de junho de 1914, por um botânico sueco chamado P. Dusén.
Além de mudas, foram trazidas também algumas sementes, que estão plantadas no Horto Municipal da Barreirinha. O local de origem da mimosa, segundo os técnicos responsáveis pela coleta, está comprometido pela plantação de pínus, que se alastra cada vez mais e ameaça as outras vegetações. Multiplicar e distribuir a espécie foi a maneira encontrada por eles para evitar sua extinção. Como se trata de uma planta endêmica (encontrada em área restrita), estão sendo feitos estudos para sua reintrodução em outro ambiente.
Com os avanços já obtidos, de coleta, plantio e adaptação, ela deixará de ser considerada extinta e entrará no segmento das seriamente ameaçadas de extinção. “Uma planta é considerada extinta na natureza quando, após 50 anos, não é mais encontrada”, explica Osmar Santos Ribas, um dos responsáveis pela coleta. “A Mimosa strobiliflora Burkart estava há 87 anos e dois dias sem ser recoletada.”
A Mimosa é apenas uma das inúmeras raridades que estão sendo procuradas nos últimos anos. O Museu Botânico Municipal, o Jardim Botânico e o Horto Municipal, ligados do Departamento de Produção Vegetal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, estão trabalhando em conjunto para coletar, multiplicar e reintroduzir diversas plantas ameaçadas de extinção. Em 1995, por meio de uma parceria do Museu Botânico com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), foi publicado o Livro Vermelho de Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná. O livro é bem grosso, mas a Mimosa strobiliflora Burkart não está nele. Ela só foi redescoberta após a publicação do livro, o que mostra que o trabalho de levantamento de espécies precisa ser constante.
“É difícil encontrar espécie rara para a ciência”, admite Gert Hatschbach, botânico de 79 anos de idade e que trabalha com plantas há 65 anos. É não é por falta de tentativa. A cada viagem que os técnicos fazem para coletas, são trazidos para pesquisas cerca de três mil exemplares de plantas. As grandes viagens, que muitas vezes extrapolam as fronteiras do Paraná, são feitas a cada dois meses. A partir de então começam os estudos, que podem ser feitos em conjunto com outras instituições. O Museu Botânico Municipal mantém parcerias com 110 instituições botânicas nacionais e internacionais para troca de informações. Hatschbach está empolgado com os estudos sobre a mimosa, arbusto cuja flor foi classificada como lilás rosada. E tem razões para isso. Ela foi descrita botanicamente em 1947, mas ainda faltam muitos dados sobre a espécie. Os pesquisadores ainda estão observando dados como: de que mês até que mês ela floresce, quando dá frutos, que altura atinge. Também não foram publicados dados sobre o fruto, que será desenhado e classificado. Agora que o estudos começam a ser revelados, as pessoas que freqüentam o Jardim Botânico saberão que, enquanto passeiam, estão lado a lado com uma raridade.