Se alguém ainda pensa que pescaria é coisa só para homens, está redondamente enganado. Hoje em dia, as mulheres estão incluídas de corpo e alma, anzol e isca, no programa. Elas discutem e disputam de igual para igual, peixe a peixe. E melhor, são grandes companheiras. Que o digam Carlos Milano, Aurino Todt, Benevidio Crepaldi e Altair Chamano, esposos de Gecimar, Janice, Terezinha e Thaisa. Os quatro casais pescam juntos desde 1998. Desta convivência e de uma sadia competição, surgiu a ?Prova dos casais?, que no ano passado chegou à sua 10.ª edição. O evento é tão importante e tão bem organizado que tem até estatuto. E quem deixar de participar de mais de dois anos consecutivos – sem apresentar um bom motivo para isso – é substituído por outro. Tem casal em fila de espera, aguardando desistências, para poder entrar na brincadeira. Mas o número é limitado a 12, para que tudo saia muito bem organizado. Hoje a Tribuna vai contar para os leitores a história de amor dos pescadores Aurino e Janice Todt, ele comerciante, ela aposentada. Casados há mais de 20 anos – com 11 anos de namoro que antecederam o casamento -, eles já contam com mais de 300 troféus e medalhas, angariados em centenas de disputas ao longo dos anos. Pescam na praia, no rio, embarcados ou em qualquer outro lugar. E são os principais incentivadores – e vencedores – da ?Prova dos casais?.
Boa leitura!
Mara Cornelsen
Um presente dos ?deuses?
O padrinho dos filhos gêmeos presenteou o casal com uma vara de pesca e um molinete. Aurino, que é conhecido pelo apelido de ?Neno?, e Janice, que a turma costuma chamar de ?Jane?, com o módico equipamento, lançaram-se à aventura de uma pescaria à beira-mar. Foi amor ao primeiro arremesso. Os dois se apaixonaram pelo esporte e mergulharam de cabeça, sem trocadilho. Hoje, na sala de troféus, onde também estão as medalhas, uma churrasqueira e uma enorme mesa de madeira para acomodar todos os amigos – na espaçosa casa no Campina do Siqueira – estão armazenadas mais de 68 varas, de todos os tipos; mais de 50 quilos de chumbadas, para qualquer modalidade de pesca, e quilômetros de linhas nacionais e importadas, além de sabe-se lá quantos molinetes e carretilhas.
?Neno?, que já foi campeão paranaense de sinuca e coleciona mais de 100 mil anéis de latinhas de alumínio – para simular as escamas de um peixe gigante que pretende montar como decoração na parede da sala -, garante que ?pescador não mente, só aumenta um pouco?. E dentro dessa premissa, ele tem a coragem de exibir um anzol menor que a unha do dedo mínimo de uma criança e dizer que conseguiu, com aquilo, pegar uma corvina de quase dois quilos, na Baía de Guaratuba. A história é quase inacreditável, pois mal dá para se ver o anzol, que nem tem a argolinha para amarrar a linha. Por conta disso, ele também inventou um nó bem resistente para prender o anzol, que é conhecido, entre os pescadores, como o ?nó do Neno?. ?Quando começamos a pescar, o outros não davam muita bola para nós, e às vezes escondiam os segredos. Então, como não conseguia aprender a fazer o nó que todos faziam, treinei durante um ano num palito de fósforo, até desenvolver este aqui, que hoje ensino para quem quiser aprender, sem revanchismo?, conta.
Com esta turma é que começou a ?Prova dos casais?, há 10 anos. |
Os dois já ganharam inúmeras provas, em todo o Brasil. Inclusive já faturaram sete das dez provas de casais, cujos peixes capturados são sempre doados para quem nem sempre tem a oportunidade de saborear tal petisco. A solidariedade está aliada à consciência ecológica e ?Jane? salienta: ?O pescar é uma coisa muito boa, mas tem que se preocupar com o rio, com o mar, com o ambiente. Além de brincar, tem que ter a preservação?, garante. Peixe pequeno volta para a água, está no regulamento. (MC)
Dicas do Moluscówski
Corrupto do bem
Uma das melhores iscas para a pesca é o "CORRUPTO". Para conservá-lo após a captura, quebre suas garras e condicione-os lado a lado em uma pequena caixa de isopor, e entre uma camada e outra coloque papel. Mantenha em geladeira. Assim irá mantê-los vivos para mais um dia de pesca. Nunca use água doce para lavar sua isca.
*No próximo domingo, a Tribuna vai contar a história de Weber, que sofreu um naufrágio no Canal da Galheta, mas nunca deixou de pescar.