Uma dura disputa entre o presidente do Peru, Martín Vizcarra, e o Congresso ameaça se tornar uma prolongada e desestabilizadora disputa jurídica, na mais grave crise constitucional do país em quase três décadas.
Vizcarra dissolveu o Congresso, controlado pela oposição, e convocou novas eleições na segunda-feira, com o argumento de que esse era um passo necessário para vencer a corrupção sistêmica. Parlamentares da oposição então votaram para suspendê-lo do posto e nomearam para a presidência a vice-presidente, Mercedes Araoz, que recentemente rompeu com o líder.
Nesta terça-feira, a Organização dos Estados Americanos (OEA), com 35 membros, pediu que o Tribunal Constitucional do Peru se posicione, enquanto os dois lados trocam acusações de abuso de poder e de ameaçar a estabilidade nacional.
As Formas Armadas e os governadores apoiaram Vizcarra, enquanto várias entidades de empresas privadas anunciaram que apoiariam Araoz. Na noite de segunda-feira, legisladores tomaram juramento da vice como a chefe de Estado de direito do país.
“Parece que estamos enfrentando uma crise política prolongada, com a disputa potencialmente terminando ante os tribunais”, disse Maria Luisa Puig, analista da consultoria Eurasia.
Por ora, os peruanos parecem apoiar em sua maioria a decisão de Vizcarra. O presidente deve continuar no poder, enquanto a oposição busca a Justiça. Ele já convocou novas eleições legislativas para o início de 2020. Já se o Congresso prevalecer, os congressistas podem ficar nos cargos até 2021, cancelar as eleições e provavelmente mover um processo de impeachment contra o presidente.
Vizcarra chegou ao poder no ano passado, após o presidente Pedro Pablo Kuczynski renunciar depois de ser acusado de relações escusas com a empreiteira brasileira Odebrecht. O novo líder conseguiu apoio popular, mas mantém confrontos com o Congresso, dominado pela oposição liderada por Keiko Fujimori. Fonte: Associated Press.