O governo peruano decretou nesta terça-feira estado de emergência em uma região dos Andes onde está localizado um gigantesco projeto de mineração de capitais chineses, ordenando que as Forças Armadas apoiem a polícia no controle da ordem. No dia anterior, houve um enfrentamento entre policiais e civis que deixou três mortos e 23 feridos.
De acordo com o decreto publicado no diário oficial, o estado de emergência vale por 30 dias, com restrições aos direitos fundamentais, como liberdade de reunião, livre trânsito, liberdade pessoal e a inviolabilidade do domicílio. A norma prevê que militares saiam dos quartéis para resguardar a ordem em rodovias, locais públicos e pontes, junto com mais de 1.500 policiais destacados nesta zona montanhosa do sudeste peruano, que compreende parte das regiões de Apurímac e Cuzco, onde a população é em sua maioria falante de quíchua.
Mais de mil peruanos protestaram na segunda-feira contra o projeto de mineração Las Bambas, de US$ 7,4 bilhões, porque não querem a construção de uma estrutura para a exploração dos minerais, negócio denunciado por eles como altamente contaminante. O projeto deve ser instalado em Challhuahuacho, onde vivem cerca de 10 mil pessoas.
A violência deixou três moradores mortos a tiros, 15 feridos por armas de fogo e oito policiais também feridos. O general da polícia Luis Pantoja disse à emissora Radioprogramas que um policial estava em estado grave. O presidente Ollanta Humala disse que o confronto começou na tarde da segunda-feira, quando manifestantes entraram na área pertencente à mineradora.
O projeto Las Bambas, que prevê o início da produção de cobre em 2016, pertence a um consórcio liderado pela gigante estatal chinesa Minmetals Corp, que desenvolve jazidas de metais em diversas partes do mundo. Segundo o plano da mineradora, de US$ 7,4 bilhões, a produção alcançará 400 mil toneladas de cobre em 2017.
O Peru é o terceiro produtor mundial de cobre e a mineração é considerada fundamental em sua economia, porque esse item representa 60% das exportações totais do país. Fonte: Associated Press.