A Rússia acusou, nesta sexta-feira, 22, os Estados Unidos de usar a ajuda humanitária que deve ser entregue à Venezuela como “um pretexto para uma ação militar” para derrubar o presidente Nicolás Maduro.
“Uma perigosa provocação, de grande magnitude, inspirada e dirigida por Washington, a saber a entrada pela fronteira venezuelana de um suposto comboio humanitário está prevista para 23 de fevereiro”, declarou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zajarova.
Ela estimou ainda que isso cria “um cômodo pretexto para uma ação militar”.
Outra aliada do governo Maduro, a China alertou que a ajuda humanitária não deveria ser imposta à Venezuela para não causar violência, segundo afirmou o Ministério das Relações Exteriores chinês, também esclarecendo que Pequim se opõe a uma intervenção militar no país.
Na quinta-feira Maduro, ameaçou fechar a fronteira com a Colômbia, enquanto o líder opositor Juan Guaidó e cerca de 80 parlamentares percorriam bloqueios rodoviários tentando chegar à fronteira para receber a ajuda humanitária.
Guaidó, que é reconhecido por dezenas de países como o chefe de Estado legítimo da Venezuela, está à beira de um duelo com o governo de Maduro no sábado, quando a oposição tentará fazer ingressarem os alimentos e remédios estocados em países vizinhos.
Maduro nega existir uma crise econômica no país e ainda na quinta-feira disse que estava cogitando fechar a fronteira com a Colômbia e que fecharia a divisa com o Brasil, na prática interditando qualquer acesso legal por terra.
Falando em uma entrevista coletiva, o porta-voz da chancelaria chinesa, Geng Shuang, disse que o governo venezuelano “manteve a calma e mostrou comedimento”, evitando confrontos de larga escala.
“Se o chamado material de ajuda for imposto à Venezuela, e depois causar violência e confrontos, isso terá consequências graves. Isto é algo que ninguém quer ver”, disse Geng.
“A China se opõe a uma intervenção militar na Venezuela, e se opõe a qualquer ação que cause tensões, ou mesmo agitação”, disse.
Maduro continua sendo apoiado pela Rússia e pela China.
Pequim emprestou mais de US$ 50 bilhões a Caracas por meio de acordos de troca de petróleo por empréstimos ao longo da última década, garantindo suprimentos de energia para sua economia de crescimento rápido.
Uma mudança de governo na Venezuela favoreceria Rússia e China, que são as duas principais credoras externas da nação, disse Guaidó em uma entrevista concedida à Reuters no mês passado. (Com agências internacionais)