O estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) divulgado nesta terça-feira (17) sobre percepção de qualidade de vida na América Latina e Caribe faz o mapeamento do que “conta na vida” para a população na região. A razão para este levantamento deriva da constatação de que “diversos fatores, diferentes da renda ou consumo, afetam a satisfação dos latino-americanos com a vida”. Por exemplo, para o latino-americano, a perda de um amigo está entre os itens centrais da lista sobre o que afeta a percepção de satisfação, ficando abaixo apenas do item capacidade de comprar alimentos.
O foco do estudo, diz o BID, é perceber que diversas das prioridades oferecem pouco espaço para influência da política pública, como é o caso do item família, relacionamentos ou fé religiosa, enquanto outras áreas podem ser sujeitas à ação do governo. Para mensurar o valor que os latino-americanos atribuem aos diversos itens, o BID criou um modelo de valor monetário dos determinantes de satisfação na vida.
Considerando-se uma medida unitária do salário inicial, o BID constata que, para o habitante da América Latina e Caribe, a renda anual necessária para manter o nível inicial de satisfação com qualidade de vida diante da perda de um amigo teria de ser aproximadamente 7,6 vezes maior do que o salário original, ou seja, antes da perda. O que pode ser lido como se o salário na AL teria de ser elevado em quase 8 vezes para que o indivíduo recuperasse a satisfação pela vida quando perde um amigo.
Em comparação, para compensar a insatisfação causada pela insuficiência de recursos para comprar comida, que é um item básico, o salário teria de ser aproximadamente 10 vezes maior do que o inicial, estima o BID. De toda forma, este item relacionado a alimentos pode revelar que a satisfação com a vida na região poderia ser muito reduzida se a renda das pessoas não for suficientemente estável para que elas possam comprar alimentos básicos.
Para o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, “essa descoberta aumenta a urgência de que os governos mantenham ou mesmo ampliem as transferências condicionais de renda para os pobres, em particular nos países que sofrem uma queda acentuada nas remessas de seus trabalhadores migrantes”.
O divórcio, ou seja, o distanciamento do cônjuge, é mais fácil de compensar do que a perda do amigo, segundo constatação do estudo. Este item ocupa praticamente o fim da lista de fatores que pesam na satisfação do indivíduo. O BID estima que, para compensar a ocorrência de um divórcio, o salário teria de ser aumentado em apenas 1,3 vezes para manter o nível inicial de satisfação do cidadão depois da perda.