Pequim decide fechar fábricas para diminuir a poluição

As obras de construções de Pequim que não estiverem concluídas até o dia 20 de julho terão que ser interrompidas e retomadas apenas em 20 de setembro, depois da realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2008. No mesmo período, várias indústrias localizadas na capital chinesa terão que interromper ou reduzir seu ritmo de produção, sem receber compensação por suas perdas. Tudo para tentar diminuir a poluição durante o maior evento esportivo do planeta.

As medidas foram anunciadas nesta segunda-feira (14) pelo vice-diretor do Escritório de Meio Ambiente da capital chinesa, Du Shaozhong, e integram os esforços de Pequim para cumprir a promessa de garantir boa qualidade do ar durante a Olimpíada, que começa no dia 8 de agosto. Ao lado dos protestos contra a situação dos direitos humanos, a poluição é o maior problema a ser enfrentado pela China no período dos Jogos Olímpicos.

Assim, a fábrica Eastern Chemical, que pertence à Beijing Eastern Petrochemical, terá que interromper sua produção durante os dois meses das competições. E um número ainda não definido de indústrias de cimento, calcário e pedreiras também serão obrigadas a fechar ou reduzir seu ritmo de atividade.

Outras 19 grandes companhias classificadas como "altamente poluentes" terão que diminuir suas emissões em 30%. Segundo Du Shaozhong, o objetivo poderá ser alcançado com cortes na produção, ajustes operacionais e aperfeiçoamento da utilização de equipamentos antipoluentes.

A única compensação para as empresas que tiverem que interromper ou reduzir seu ritmo de atividade é a isenção de eventuais multas por emissões poluentes realizadas no período – algo inócuo para as que estiverem de portas fechadas.

"Não negamos que essas empresas fizeram um grande sacrifício pela Olimpíada e tiveram que reestruturar sua produção para se adequar às medidas", declarou Du Shaozhong, em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira.

Também estarão suspensas pinturas externas de edifícios que utilizem spray ou tintas que contenham solventes poluentes. Pinturas de qualquer outro tipo com spray estarão vetadas. Todas essas medidas são temporárias e serão adotadas ao lado da restrição à circulação de veículos em Pequim durante os Jogos.

Du Shaozhong ressaltou que o governo da cidade adotou a partir de 1998 mudanças permanentes para melhoria do ar, implementadas em 14 fases. Desde então, foram investidos cerca de US$ 17 bilhões no combate à poluição e 200 empresas poluentes foram fechadas.

O governo avalia que a qualidade do ar melhorou de maneira significativa nos últimos nove anos. Em 1998, a cidade registrou 100 dias de "céu azul", o equivalente a 27% do total. No ano passado, o índice havia subido para 246 dias (67%). A expectativa para 2008 é que Pequim tenha 250 dias de "céu azul", expressão que se refere a dias com boa qualidade do ar.

Além das medidas anunciadas nesta segunda-feira, o governo chinês tem um plano de contingência, para a hipótese de as condições climáticas agravarem o problema da poluição. Entre outros itens, o plano tem uma lista de mais empresas que podem ser obrigadas a fechar ou a reduzir a produção durante os Jogos Olímpicos.

Mesmo porque, alguns atletas já anunciaram que desistirão da Olimpíada por causa da poluição em Pequim – casos da tenista belga Justine Henin e do maratonista etíope Haile Gebrselassie. Além disso, o próprio Comitê Olímpico Internacional admitiu a possibilidade de cancelar algumas provas ao ar livre se a saúde dos competidores correr risco.

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