O Pentágono pediu aos interrogadores na Baía de Guantánamo que destruíssem anotações feitas à mão caso fossem chamados para testemunhar sobre potenciais interrogatórios duros de detentos, afirmou um advogado de defesa militar. O advogado de Omar Khadr, comandante William Kuebler, disse que as instruções foram incluídas em um manual de operações mostrado a ele por promotores. As recomendações sugerem que os Estados Unidos atuaram deliberadamente para esconder evidências que poderiam ser usadas por suspeitos de terrorismo em suas defesas nos tribunais.
Kuebler afirmou que a aparente destruição de provas buscaria impedir que ele pudesse contestar a confiabilidade de qualquer suposta confissão. Ele disse que buscará usar esse documento para tentar retirar as acusações contra Khadr. Um porta-voz do Pentágono, o comandante da Marinha Jeffrey Gordon, informou que estava revisando o caso. O documento poderia apoiar as objeções de outros detentos para invalidar confissões feitas em Guantánamo.
Os militares anunciaram a intenção de processar 80 dos quase 270 detentos de Guantánamo diante do primeiro tribunal de guerra dos EUA desde a Segunda Guerra Mundial. O caso contra Khadr, capturado no Afeganistão quando tinha apenas 15 anos, deve ser um dos primeiros a serem julgados. Ele enfrenta acusações de crimes de guerra, incluindo assassinato, por supostamente ter lançado uma granada que matou um soldado norte-americano durante um confronto em 2002. Segundo Kuebler, a condução do interrogatório é particularmente relevante neste caso. Os promotores têm se apoiado em provas "extraídas" de Khadr na base aérea de Bagram, no Afeganistão, e em Guantánamo.