O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, indicou ontem, pela primeira vez, que pretende retirar suas tropas do Afeganistão até o fim de seu mandato, em 2012. “Minha preferência seria não passar (esse problema) para o próximo presidente”, disse Obama em entrevista à CNN, de Pequim. “Eu gostaria que o próximo presidente pudesse dizer: ‘Eu começo com uma página em branco’.”

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Obama disse que está “muito próximo” de tomar uma decisão sobre o número de tropas que enviará ao Afeganistão, mas que só vai anunciá-la “nas próximas semanas”. Ele está estudando o pedido de mais tropas feito pelo general Stanley McChrystal, principal comandante no Afeganistão, desde setembro.

Mas além do número de soldados a serem enviados e os custos disso, uma questão importante emergiu nas discussões do presidente com seus principais auxiliares: a necessidade de ter uma estratégia de saída clara. Com a guerra cada vez mais impopular, o presidente quer apresentar um cronograma de retirada.

Porém a decisão sobre um cronograma de retirada é perigosa: se Obama passar a mensagem de que os EUA não estão comprometidos com o Afeganistão e vão embora logo, diminuem os incentivos para a população local colaborar com os norte-americanos.

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Ao mesmo tempo, a Casa Branca precisa ter poder de pressão sobre o presidente Hamid Karzai. Se Karzai confiar que os norte-americanos não abandonarão o Afeganistão, não importa o que faça, ele não terá incentivo para adotar medidas anticorrupção e expurgar os senhores da guerra de seu governo. E sem a legitimidade do governo Karzai, dificilmente a estratégia anti-guerrilha dos EUA vai funcionar.