Parecem deuses gregos vindos direto do Olimpo. Enlouquecem as mulheres, mas são feitos de carne, ossos e músculos. Aliás, de muitos músculos. São horas a fio na academia todos os dias, além do uso de um verdadeiro arsenal de produtos de beleza para garantir o ?ganha-pão?.
Afinal é com o corpo que os strippers do Clube para Mulheres chegam a faturar até R$ 600 em uma noite.
Rafael, o ?Policial Militar?. |
No camarim dos garotões a vaidade está dentro de potes de cremes, gel especial e muito mais coisas guardadas nas abarrotadas necessaires. Não faltam perfumes requintados, hidratantes e óleo corporal. Para manter o corpo, muito levantamento de peso. E, para que os músculos fiquem ainda mais evidentes, dá-lhe depilação. Sim, os garotos que se apresentam no clube não têm um só pelinho à mostra.
O corpo sarado e a pele macia não são os únicos motivos de preocupação. Como eles, na verdade, passam mais tempo vestidos do que nus, as fantasias que usam durante o show de strip-tease exigem qualidade e criatividade. Cada um escolhe a sua e manda confeccioná-la. Todas com muito velcro para serem facilmente arrancadas, levando a mulherada ao delírio.
Programas
Carlos, o ?Bad Boy?. |
O motivo de tanta preocupação com a aparência é agradar a clientela, não apenas para que as mulheres continuem freqüentando o clube (e com isso garantam o cachê da casa), mas também para manter a renda extra com os programas sexuais que surgem depois dos shows.
A maioria dos strippers nega que cobra pelo sexo. Eles dizem que, se saem com alguma garota, é porque ?rolou um clima?. Mas confessam que as saídas são regadas a presentinhos, como celulares e tênis de marca. ?Eu já cobrei por sexo, mas parei de fazer isso quando falhei. Hoje, se saio com uma garota é porque teve química. Houve uma inversão de papéis. Elas nos bancam, dão presentes e não querem ser bancadas. Para nós a situação é cômoda?, disse Carlos, 27 anos.
Jogo limpo
Márcio, o ?Malandro?. |
O único stripper que confessou cobrar pelo sexo foi Márcio, que interpreta o ?Malandro?. ?Peço em média R$ 450, mas se ela exigir alguma fantasia e show de strip-tease, o preço sobe para R$ 600?, diz ele. Márcio acredita que o que as leva a pagar pelo sexo é a carência.
Elas reclamam da rotina do casamento, da falta de elogios do marido e até mesmo do sexo esporádico no relacionamento. ?Saí duas vezes com uma mulher e ela disse que queria se separar porque o marido não dava a atenção que eu dava. Neste caso, tentei amenizar a situação e dizer para ela pensar muito bem. Eu sempre as elogio, digo que são lindas e cheirosas, mais isso faz parte do programa?, disse Márcio, que garante nunca ter se apaixonado por uma das clientes.
Solidão + fantasia = mistura explosiva
Max, o ?Fantasma da Ópera?. |
Carência e solidão são apenas alguns motivos que levam as mulheres a assistirem a um show de strip tease ou irem para cama com um garoto de programa. Para a psicóloga, mestre em saúde mental e professora da Universidade Federal do Paraná, Maria Virgínia Grassi, uma série de fatores, encabeçados pela fantasia sexual, fazem as mulheres procurarem por esse tipo de diversão.
Segundo Maria Virgínia, o ser humano não faz sexo para responder as necessidades físicas como procriação ou descarga de energia, como os animais. O sexo humano é uma atividade erótica e a fantasia é o combustível dessa excitação. ?Muitas vezes as mulheres têm vergonha ou pouca liberdade com o parceiro para pedir que ele vista alguma roupa diferente ou dance, por isso vão até o clube para mulheres, onde vivenciar uma fantasia é permitido. Depois elas voltam para casa excitadas e têm uma ótima relação com o parceiro?, conta a psicóloga.
Maria Virgínia acredita que as mais jovens vão até o clube por curiosidade, para pertencerem ao grupo, uma vez que muitas vão acompanhadas. ?Elas também querem mostrar que têm o mesmo poder e liberdade dos namorados?, conta.
Já as mais velhas, podem ir por conta das desilusões amorosas. ?Se saem na noite e transam com um homem, ficam na expectativa se ele vai ligar no dia seguinte e isso pode gerar frustração. No clube, elas vão com a certeza de que não irão sofrer. Pois sabem que o que acontece ali é passageiro?, conta a psicóloga.
Já para os strippers, a satisfação e o prazer em dançar e seduzir está em serem reconhecidos de alguma forma. ?O assédio das mulheres faz bem para o ego. Eles são reconhecidos pelo corpo, que se torna um instrumento social e desperta o desejo. O importante é terem consciência que um dia isso acaba, pois o corpo envelhece. Para não gerar frustração, precisam se preocupar em ser reconhecidos também de outra forma?, finaliza a psicóloga. (PC)
Diversão para todas
Os strippers também são contratados para fazer shows em chás de panela ou despedidas de solteiras. Divertem ?gregas e troianas?, sogras e casadoiras. E também, por módicos R$ 150,00, se prestam ao papel de ?fazer ciúmes?. Ou seja, são contratados para dar uma voltinha no bar ou danceteria onde o ?ex? da garota está badalando. Durante duas horas fica de mãos dadas com a garota, dá alguns beijinhos, se deixa ser visto com ela e pronto. Vai para casa com a grana do bolso e o sentimento do dever cumprido. E o outro… que se dane!
?Uma vez saí com uma menina para ir a um bar, onde estava o ex-namorado dela. Cobrei R$ 150 por duas horas. Demos alguns beijos para que ela fizesse ciúmes para ele e depois ela me deixou em casa?, disse Max, 23, abrindo um exuberante sorriso.
Rafael, 25, também tem história semelhante: ?Eu estava em uma festa rave quando uma garota, que sabia que eu era stripper, viu o namorado com outra. Ela perguntou se eu podia ficar com ela de graça para fazer ciúmes. Eu respondi que de graça não dava e ela pagou na hora?, contou.
Grupo unido
Quando não estão trabalhando, eles costumam sair em grupo. Na verdade, adoram se exibir e realmente chamam a atenção por onde passam. Porém, por ironia, nunca circulam por aí com alguma garota, pois isso pode ?queimar o filme?. Se uma fã os reconhece fica enciumada e logo espalha para as outras que o garotão é comprometido. Com isso ele perde pontos nas noitadas e no próprio clube. As fãs deixam de ir vê-los tirar a roupa. ?Nosso trabalho gera uma espécie de amor platônico e se elas nos vêem com outras quebra a magia?, conta Rafael, sem qualquer modéstia. (PC e MC)