Fotos: Lucimar do Carmo |
O veterinário Manoel Lucas Javorouski conta que fazia tempo que as jibóias não se reproduziam, o que pode ser conseqüência da falta de compatibilidade e entrosamento entre os casais. continua após a publicidade |
O Passeio Público, localizado no centro da capital, iniciou este ano com novos moradores. Há algumas semanas, foi registrado no local o nascimento de 22 filhotes de jibóia, da espécie Boa constrictor. O fato foi bastante comemorado pelos funcionários do lugar, pois há cerca de doze anos o réptil não se reproduzia nos recintos do parque curitibano.
?Temos várias jibóias na exposição e também na área de isolamento do Passeio. Porém, fazia tempo que o animal não se reproduzia, o que pode ser conseqüência da falta de compatibilidade e entrosamento entre os casais ou das condições de temperatura e umidade presentes nos recintos?, comenta o médico veterinário do Departamento de Zoológico da Prefeitura Municipal de Curitiba, Manoel Lucas Javorouski.
Os pais dos 22 filhotes ficam em um terrário interno do Passeio, localizado na área administrativa e de acesso proibido ao público não autorizado. Eles são fruto de doação e permuta com outros zoológicos brasileiros. Ambos chamam a atenção pelo comprimento. Tanto o macho, que chegou ao Passeio em 2001, quanto a fêmea, que vive no local há mais de dez anos, têm entre um metro e meio e dois metros de comprimento.
Entre os répteis recém-nascidos, os funcionários do Passeio ainda desconhecem o número de machos e fêmeas. Para diferenciar uns dos outros é necessários realizar a contenção dos animais e, na seqüência, introduzir um estilete metálico na cloaca. O sexo é identificado de acordo com a profundidade que o estilete alcança dentro do corpo da jibóia. ?Não temos motivos para realizar este tipo de procedimento tão cedo. Além do mais, a contenção estressa muito os animais, devendo ser realizada apenas quando necessário.?
A gestação de uma jibóia dura de 180 a 239 dias. Segundo Manoel, os ovos são chocados pela fêmea dentro da cavidade abdominal. Quando são expelidos, as cobras já nascem. Ao contrário dos mamíferos, os répteis (com exceção do crocodilo) não costumam cuidar de seus filhotes, que logo se tornam independentes. No Passeio, assim que nasceram, as jibóias foram colocadas em recitos separados de seus pais.
Nos primeiros dias de vida, os animais recém-nascidos receberam atenção especial dos funcionários do parque. Isso incluía aplicação de anti-séptico no umbigo, para evitar infecções. Nas primeiras semanas, se alimentavam apenas das reservas de vitelo (suprimento de proteínas e carboidratos que fica dentro do ovo). Posteriormente, passaram a receber pequenos camundongos. ?Em cativeiro, as jibóias são alimentadas principalmente com ratos e camundongos, geralmente a cada quinze dias, pois possuem metabolismo bastante lento e digestão demorada. Na natureza, também ingerem outros pequenos mamíferos e algumas aves.?
A jibóia é nativa do Brasil, sendo encontrada principalmente na região amazônica. Ela vive cerca de vinte anos e atinge a idade adulta em tempos variados, dependendo das condições do local em que habita. No Passeio, é mantida em recintos com aquecedor para o inverno e piscina. O animal tem crescimento lento, mas pode atingir quatro metros de comprimento. Não é peçonhento, geralmente matando suas vítimas por sufocação. Quando adulto, é capaz de levar à morte uma pessoa por estrangulamento.
Animal de estimação
Nos últimos anos, no Brasil, algumas pessoas começaram a manter jibóias em casa, como animais de estimação. Os répteis comercializados em pet shops necessitam de autorização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para serem mantidos em ambiente doméstico e contêm, sob a pele, um chip de identificação. De modo algum podem ser soltos na natureza e toda mudança de proprietário deve ser comunicada ao instituto.
De acordo com o veterinário Manoel Lucas Javorouski, as jibóias podem se tornar mansas se acostumadas ao convívio com seres humanos, deixando-se ser manuseadas. Porém, ao contrário de cães, gatos e outros animais, não sentem afeição por seus proprietários, podendo dar-lhes o bote se estiverem famintas. ?Por mais manso que seja o animal, ele nunca deve ser colocado ao redor do pescoço de seres humanos. Na tentativa de se equilibrar ou evitar uma queda, ele pode acabar sufocando a pessoa, mesmo sem ter a intenção de machucá-la?, finaliza.
Novo mico é esperança de continuação da espécie
Foto: Lucimar do Carmo |
Animalzinho está isolado e fica nas costas da mãe. |
Outro nascimento recente e bastante festejado no Passeio é o de um filhote de mico-de-cheiro, da espécie Saimiri sciureus. O animalzinho, que o tempo todo fica nas costas da mãe, está sendo mantido na área de isolamento e ainda tem o sexo desconhecido. ?Como o mico fica preso ao corpo da mãe, se tentássemos contê-lo para descobrir o sexo a mãe poderia se assustar e acabar machucando o filhote?, diz o veterinário Manoel Lucas Javorouski.
O pai do novo morador morreu antes de ele nascer. Antes de ser verificada a gestação da fêmea, o casal era mantido na área de exposição. Porém, teve que ir para o isolamento devido à interação demasiada com o público, que jogava aos animais alimentos e cigarros. ?Uma vez, um visitante chegou até a fornecer cachaça aos micos. Esta foi a gota d?água. Tivemos que tirá-los da exposição devido ao desrespeito e falta de consciência de algumas pessoas.?
Com a morte do pai, os funcionários torcem para que o filhote seja macho. Desta forma, no futuro, ele pode vir a se reproduzir com outra fêmea mantida no Passeio. No local, os animais são abrigados em recintos com cortinas plásticas para conter o vento e lâmpadas para aquecimento. Esses recursos são utilizados principalmente no inverno. Se alimentam de frutas diversas, carne vermelha, frango e folhas verdes, como couve, espinafre e escarola. Na natureza, também ingerem filhotes de passarinhos, ovos, larvas e insetos.
Presente na região amazônica, o mico-de-cheiro está ameaçado de extinção. A principal causa é a destruição de seu habitat natural, o que faz com que ele tenha cada vez menos alimentos à disposição e locais para se abrigar. Porém, a captura ilegal também é uma ameaça. Por ser considerado bonito, gracioso e capaz de interagir com as pessoas, o bichinho acaba se tornando alvo de contrabandistas. Tanto em liberdade quanto em cativeiro, pode alcançar vinte anos de vida.
Zôo também teve aumento de atrações
Foto: Michel Willian/SMCS |
Filhotes de leâo nascidos no ano passado são muito visitados. |
No próximo dia 28, o Zoológico de Curitiba, localizado no Parque Iguaçu, estará completando 25 anos de criação. São dois os principais motivos de comemoração: significativo aumento do número de visitantes e aumento da quantidade de moradores.
Em relação ao visitantes, no último mês de janeiro, segundo a Prefeitura da capital, passaram pelo zoológico 72.889 pessoas. No mesmo mês, nos anos de 2004, 2005 e 2006, visitaram o local, respectivamente, 55.500, 59.751 e 66.617 pessoas.
O aumento é atribuído a investimentos realizados pela administração municipal na revitalização do zôo. Estes incluem construção de um novo portal, guarita equipada com catracas de entrada, cozinha para preparo dos alimentos dos animais, novos sanitários e fraldário.
Quanto aos novos moradores, só nos últimos meses de janeiro e de fevereiro foram registrados 36 nascimentos de aves, mamíferos e répteis, incluindo alguns animais ameaçados de extinção (como papagaio-do-peito-roxo). Além disso, no final do ano passado, chegaram ao zôo, vindos de São Paulo, dois ursos-de-óculos.
No total, o zoológico abriga cerca de 2,3 mil animais. No local, convivem aproximadamente 80 espécies. Os animais mais procurados pelo público, de acordo com a Prefeitura, são os leões, as onças, os hipopótamos, as girafas e o chimpanzé.